Horizontes Antropológicos ()

Os perigos subsumidos na contracepção de emergência: moralidades e saberes em jogo

  • Elaine Reis Brandão,
  • Cristiane da Silva Cabral,
  • Miriam Ventura,
  • Sabrina Pereira Paiva,
  • Luiza Lena Bastos,
  • Naira V. B. Vidal Oliveira,
  • Iolanda Szabo

DOI
https://doi.org/10.1590/s0104-71832017000100005
Journal volume & issue
Vol. 23, no. 47
pp. 131 – 161

Abstract

Read online

Resumo O tema da “contracepção de emergência” desperta bastante inquietação social no Brasil. O termo remete a noções como “risco de engravidar”, “sexo desprotegido”, (ir)responsabilidade ou (ir)racionalidade prévia ao exercício sexual, contrariando normas sanitárias que postulam necessidade de proteção à gravidez e às doenças sexualmente transmissíveis nas práticas sexuais. Ao contrário da pílula anticoncepcional de uso regular, que conta com maior aceitação social, a contracepção de emergência desperta muitas controvérsias. Discute-se esse desconforto em relação ao método, a partir de pesquisa com farmacêuticos e balconistas de farmácia sobre o tema. Duas perspectivas analíticas são exploradas: a primeira é a estratégia que assinala perigos e potenciais riscos à saúde que esse contraceptivo provocaria, com vistas à regulação dos corpos femininos, em especial, jovens e pobres, onde a reprodução é temida. A segunda discute o agenciamento feminino que o uso da contracepção de emergência evidencia, perspectiva que pode estar ferindo hierarquias morais e sociais, de classe e de gênero.

Keywords