Revista Odisséia (Jun 2013)
A contribuição de Ferdinand de Saussure para a compreensão e análise de dados em aquisição da linguagem escrita
Abstract
A aquisição de linguagem, seja oral ou escrita, vem sendo objeto de estudo de muitos pesquisadores, que, em comum, carregam em si o desejo de explicar como uma criança passa a dominar uma língua em todos os seus aspectos, o que resulta em diferentes tipos de abordagens. No que concerne à aquisição de linguagem escrita e, mais precisamente, os erros ortográficos, vários estudiosos seguem, em parte, um mesmo caminho, o de tratar os erros de forma homogeneizada e o de excluir de suas análises os que fogem das classificações existentes. No entanto, o presente trabalho tem por objetivo analisar justamente esses erros que, considerando seus aspectos e especificidades particulares, se caracterizam como um tipo de dado que propicia um recanto adequado à compreensão de um modo de análise que vem sendo construído, ao longo da história da área de Aquisição da Linguagem, a partir da contribuição de Ferdinand de Saussure, que influenciou o estruturalismo linguístico e os estudos de Roman Jakobson, linguista que impulsionou as pesquisas em aquisição. Este trabalho adota, portanto, os processos metafóricos e metonímicos como ferramentas de análise de dados. Nosso corpus foi constituído por um manuscrito produzido por uma dupla de alunos que cursava o 2° ano do ensino fundamental em uma escola particular da cidade de União dos Palmares, no Estado de Alagoas. O dado escolhido foi selecionado para a pesquisa por conter equívocos que nos chamaram a atenção por sua singularidade. Os resultados mostram que por meio de uma análise voltada para o funcionamento das relações internas da linguagem (relações sintagmáticas e paradigmáticas, polos metafóricos e metonímicos), possibilitada pela teoria saussuriana e de Jakobson, conseguimos detectar o que determina o aluno em sua escrita quando produz erros singulares, pois, no caso específico, observarmos que a criança foi levada através do polo metafórico e da homofonia a registrar a palavra “grlarda”, no lugar de “guarda”.