Cadernos de Saúde Coletiva (Apr 2020)

A extensão do ‘agro’ e do tóxico: saúde e ambiente na terra indígena Marãiwatsédé, Mato Grosso

  • Francco Antonio Neri de Souza e Lima,
  • Wanderlei Antonio Pignati,
  • Marta Gislene Pignatti

DOI
https://doi.org/10.1590/1414-462x202000280442
Journal volume & issue
Vol. 28, no. 1
pp. 1 – 11

Abstract

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Resumo Introdução As monoculturas agrícolas são relacionadas ao uso de agrotóxicos, que poluem o ambiente e as pessoas, de regiões agrícolas. No nordeste do estado de Mato Grosso, a Terra Indígena (TI) Marãiwatsédé, território da etnia Xavante foi ocupada na década de 1950 por não-indígenas e teve seu ambiente modificado pela agropecuária até a desintrusão em 2012. Quando os Xavante retornaram para seu território, uma denúncia de óbitos infantis por suspeita de poluição da água por agrotóxicos motivou este estudo. Objetivo Verificar resíduos de agrotóxicos na água e discutir a dinâmica de inserção da agropecuária na TI e região. Método Foi quantificada a área plantada, o consumo de agrotóxicos, análises químicas na água e caracterizado o ambiente da TI e entorno. Resultados A área plantada e o consumo de agrotóxicos da região da TI aumentou anualmente. Foi detectado resíduo de 0,19 μg/L de permetrina na água. Havia lavouras em atividade nos limites da TI. Conclusão Este valor está abaixo do Valor Máximo Permitido pela legislação brasileira, mas no limite da legislação europeia. No entanto, a presença de lavouras em atividade nos limites da TI são fontes constantes de emissão de agrotóxicos, possibilitando novas poluições de “fora para dentro” da TI.

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