Arquivos Brasileiros de Cardiologia (Mar 2007)

Incidência de choques e qualidade de vida em jovens com cardioversor-desfibrilador implantável Incidence of shock and quality of life in young patients with implantable cardioverter-defibrillator

  • Roberto Costa,
  • Kátia Regina da Silva,
  • Rodrigo Castro Mendonça,
  • Silvana Nishioka,
  • Sérgio Siqueira,
  • Wagner Tetsuji Tamaki,
  • Elizabeth Sartori Crevelari,
  • Luiz Felipe Pinho Moreira,
  • Martino Martinelli Filho

DOI
https://doi.org/10.1590/S0066-782X2007000300002
Journal volume & issue
Vol. 88, no. 3
pp. 258 – 264

Abstract

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OBJETIVOS: Avaliar a incidência e a causa de choques de CDI em crianças e adolescentes e sua repercussão na qualidade de vida (QV). MÉTODOS: De março/1997 a fevereiro/2006, 29 pacientes (15,7±5,4 anos) foram submetidos a implante de CDI. Parada cardiorrespiratória recuperada (41,5%), taquicardia ventricular sustentada (27,6%) e profilaxia primária de morte súbita cardíaca (30,9%) motivaram os implantes. O número de terapias foi avaliado por entrevista e pela telemetria dos CDI. A QV foi avaliada pela aplicação do questionário SF-36 e comparada à de indivíduos saudáveis. Empregou-se o método de Kaplan-Meier para análise da sobrevida livre de choques. RESULTADOS: Após 2,6±1,8 anos de seguimento, 8 (27,6%) pacientes receberam 141 choques apropriados em razão de TV polimórfica (6) ou FV (2), e 11 (37,9%) sofreram 152 choques inapropriados em razão de taquiarritmias supraventriculares (8) ou oversensing (3). A expectativa de sobrevida livre de choques apropriados foi de 74,2%±9,0 após um ano, e de 66,7%±10,7 após três anos. Observou-se diminuição da QV nos aspectos físicos (61,7±28,7), na vitalidade (64,7±19,1), na saúde mental (65,9±22,7) e nos aspectos emocionais (66,7±38,5). Medo e preocupações relacionados ao CDI foram referidos por todos os pacientes. CONCLUSÃO: A despeito da grande eficácia dessa terapêutica, a incidência elevada de choques interferiu na QV e na adaptação ao dispositivo.OBJECTIVES: To analyze the incidence and causes of ICD therapies in children and young adults and verify their impact on the quality of life (QoL). METHODS: From March/1977 to February/2006, 29 patients (15.7±5.4 years old) were submitted to ICD implants. Aborted cardiac arrest (41.5%), sustained ventricular tachycardia (27.6%) and primary prophylaxis of sudden cardiac death (30.9%) indicated device therapy. The number of therapies was evaluated by interviewing patients and by ICD diagnostic data. The SF-36 questionnaire was used to measure the QoL and the results were compared to healthy population. The expectative of freedom from ICD therapies were estimated by the Kaplan-Meier method. RESULTS: After 2.6±1.8 years follow-up, 8 (27.6%) patients received 141 appropriate ICD shocks due to ventricular tachycardia (6) or ventricular fibrillation (2), and 11 (37.9%) patients received 152 inappropriate ICD shocks due to supraventricular tachyarrhythmias (8) or oversensing (3). Expectative of freedom from appropriate shocks was 74.2±9.0% and 66.7±10.7% after one and three years, respectively. Compared to healthy population, QoL decreased in physical function (61.7±28.7), vitality (64.7±19.1), mental health (65.9±22.7) and role-emotional domains (66.7±38.5). All patients referred fear and concern related to ICD use. CONCLUSION: Despite the efficacy of ICD therapies, the high incidence of appropriate and inappropriate shocks interfered in patients’ QoL and adaptation to the device.

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