Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

EPIDEMIOLOGIA DA HANSENÍASE NO ESTADO DO MARANHÃO ENTRE OS ANOS DE 2016 A 2020

  • André Luiz Moreira de Alencar,
  • Michelli Erica Souza Ferreira,
  • Karine Keila de Sousa Vieira Sampaio

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 101979

Abstract

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Introdução: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa insidiosa que tem como agente etiológico o Mycobacterium leprae, bacilo que tende a acometer a pele e nervos periféricos podendo gerar grandes incapacidades físicas e deformidades. É uma doença curável e seu tratamento é disponibilizado gratuitamente através do Sistema Único de Saúde (SUS). Sozinho, o Maranhão fora responsável por cerca de 11% do total de casos no país em 2018, sendo o segundo estado mais acometido pela hanseníase no Brasil. Evidencia-se um problema histórico de saúde pública que provoca inúmeros danos sociais e carece de novas estratégias de combate para sua erradicação. Nesse contexto, o presente estudo objetivou traçar o perfil epidemiológico da hanseníase no referido estado entre o período de 2016 a 2020 e determinar os principais indicadores epidemiológicos relacionados à doença. Métodos: A coleta de dados foi realizada através do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Os cálculos dos indicadores de qualidade de serviço e de eliminação foram realizados segundo o Manual para tabuldação dos indicadores de hanseníase do Ministério da Saúde (2019). Resultados: Foram relatados 14146 novos casos, 1355 em menores de 15 anos e os grupos mais afetados pela doença foram: Homens (56,80 %), 30-59 anos (48,67 %), pardos (67,72 %) e escolaridade de 1º a 4º serie (596 casos/ano). A maioria apresentava Grau 0 de incapacidade (54,51%), a forma Multibacilar (78,78%), e a apresentação clínica Dimorfa (56,13%). As cidades mais afetadas foram São Luís, São José de Ribamar e Imperatriz. O Maranhão foi classificado como região hiperendêmica (Taxa de detecção anual e em menores de 15 anos por 100 mil habitantes) em todos os anos de 2016 a 2019. Dos indicadores referentes a qualidade do serviço (2016-2019), o estado obteve uma média de 80% na proporção de cura e uma proporção média de abandono de 5,2%. Do total, 85,8% dos casos tiveram seu grau de Incapacidade física (GIF) avaliado no diagnóstico e 54,5% tiveram seu GIF avaliado no momento da cura. Conclusão: O Maranhão persiste com elevada prevalência da hanseníase. A alta taxa de casos na população menor de 15 anos, formas multibacilares e virchowiana refletem a franca atividade infecciosa da doença, no entanto, melhorias na qualidade dos serviços oferecidos podem contribuir para a diminuição desse quadro epidemiológico.