Saúde em Debate (Nov 2021)

Professoras negras na pós-graduação em saúde: entre o racismo estrutural e a feminização do cuidado

  • Ana Lucia Nunes de Sousa,
  • Luciana Ferrari Espíndola Cabral,
  • Janine Monteiro Moreira,
  • Valentina Carranza Weihmüller,
  • Marina Meloni da Silva Rodrigues,
  • Gabriela Gomes Araujo,
  • Beatriz Cristina Castro Macedo

DOI
https://doi.org/10.1590/0103-11042021e101
Journal volume & issue
Vol. 45, no. spe1
pp. 13 – 26

Abstract

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RESUMO A partir de referenciais do feminismo negro, da perspectiva interseccional e dos estudos étnicoraciais no Brasil, problematizam-se o racismo e o sexismo na academia brasileira com base na caracterização e análise da presença/ausência de professoras negras em programas de pós-graduação em ciências da saúde de duas universidades federais fluminenses, UFRJ e UFF. Utilizando informações de sites de 31 Programas de Pós-Graduação (PPG), reconstruíram-se quantitativamente os perfis de gênero e étnico-raciais por universidade e área de avaliação. Identificaram-se 23 professoras negras que ocupam 26 vagas docentes nos PPG analisados. Com base em informações da Plataforma Lattes, também se abordou longitudinalmente a dimensão de estudo. Os resultados assinalam que a presença de professoras negras é de 2% na UFRJ e de 6% na UFF; que ela é maior em áreas relativas aos cuidados e ínfima em áreas de maior prestígio científico e socioeconômico, como medicina. Constata-se o racismo como principal sistema de poder, operando no contexto institucional e disciplinar. Neste último, associado ao sexismo que determina as hierarquias de gênero nas áreas de saúde. Observa-se, também, que as desigualdades de raça se sobrepõem às de gênero no contexto desta pesquisa, confirmando as teses que apontam o epistemicídio dos saberes negros.

Keywords