Boletim de Pesquisa NELIC (Jun 2006)
Nuno Júdice: arte poética com melancolia
Abstract
Nuno Júdice é uma das mais representativas vozes no panorama poético de Portugal a partir da década de setenta, com uma escrita que tensiona os limites (limites?) entre modernismo e pós-modernismo, configurando o que poderíamos nomear de uma poética da melancolia. O tom dessa poesia é freqüentemente pessimista; no entanto, essa afirmação deve ser relativizada porque, de fato, não é seu tom único, e sim expressão variável de diferentes sujeitos poéticos que vão aparecendo na cena do poema, representando um “drama em gente” a falar da condição humana no mundo contemporâneo, em meio a ruínas, fragmentos e vestígios da memória. Escrita perpassada de ironia, criticamente relendo a tradição poética ocidental, muitas vezes enfrenta a melancolia com um breve sorriso de quem sabe que o canto se faz de ficções e que é, apesar de sua desilusão, uma janela aberta, mirando o horizonte para além das ruínas deste mundo.