Desidades (Dec 2015)
Pérolas aos poucos: o relato de uma adolescência congelada
Abstract
No texto que se segue é apresentado um caso clínico em que destaco, no relato, os sentimentos de tédio e vazio vivenciados pela adolescente e, ainda, o lugar da arte e de objetos culturais como forma de comunicação entre a mesma e a analista. Vem sendo constatada a chegada aos consultórios de jovens adultos com dificuldades de passagem, de transitarem para um estar-no-mundo de outro modo rumo à independência, ao ser-adulto – seguindo adiante em seu processo de maturação. Apresentam um cotidiano vazio e sem sentido, tédio, inércia psicossomática, sentimentos de não pertencimento e uso de drogas. São jovens que lutam para alcançar a vida, como se refere Winnicott – e a desesperança diante desta luta se traduz através das vivências de vazio. A referida “adolescência congelada” vivida ora com desespero, ora com apatia requer uma específica aproximação. O encontro clínico extrapola a comunicação verbal e solicita a configuração de um espaço potencial em que o uso de objetos culturais e da arte pode vir a se apresentar como instrumento terapêutico.