Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
SÍNDROME DE STEVENS-JOHNSON EM PACIENTE COM LINFOMA DE CÉLULAS B DO MEDIASTINO: MANEJO ODONTOLÓGICO
Abstract
A Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) é uma condição rara e grave, frequentemente causada por reações adversas de hipersensibilidade a medicamentos. Ela se caracteriza por lesões extensas na pele e mucosas, podendo ser acompanhada de febre e comprometimento de múltiplos sistemas. O tratamento eficaz exige a identificação e suspensão imediata do medicamento desencadeador, além de um manejo clínico cuidadoso. Paciente masculino de 42 anos, com diagnóstico recente de Linfoma de Células B do Mediastino, foi internado antes do início do primeiro ciclo de quimioterapia devido ao surgimento de erupções cutâneas severas e ulcerações labiais e orais, associadas a dor intensa e dificuldades de alimentação e hidratação. Imediatamente foram suspensos corticoide e alopurinol, medicamentos em uso no momento da manifestação e provável causa da SSJ. Foram administrados eletrólitos, salinas e glicose, para hidratação e suporte metabólico, além de antibióticos e antifúngicos para prevenir infecções secundárias. A avaliação clínica revelou múltiplas lesões cutâneas eritematosas/arroxeadas com prurido no rosto, pescoço, abdômen e costas, além de olhos eritematosos e ressecados. A avaliação intraoral identificou múltiplas úlceras extensas e dolorosas em mucosas orais e bordas laterais da língua, além dos lábios com crostas extensas e sangramento ativo. O tratamento odontológico instituído iniciou com rigorosa higiene oral, utilizando antimicrobiano clorexidina 0,12% sem álcool para prevenir infecções, remoção cuidadosa das crostas labiais, com posterior realização de laserterapia (660 nm, 100 mW, E = 2-3 J) e aplicação da pasta de ácido tranexâmico quando identificado sangramento ativo. Foram prescritos benzidamina spray devido à ação analgésica, anti-inflamatória e anestésica, Chamomilla recutita com ação anti-inflamatória e gel de dióxido de cloro estabilizado para hidratação das mucosas orais. Paciente evoluiu com complicações sistêmicas importantes, sendo transferido para a Unidade de Terapia Intensiva com necessidade de intubação, onde permaneceu por aproximadamente 40 dias. O tratamento odontológico obteve bons resultados com controle do sangramento e cicatrização adequada das lesões orais, mas devido à gravidade do caso, o paciente tornou-se refratário às medidas instituídas e evoluiu a óbito. Em conclusão, o tratamento da SSJ exige uma abordagem multidisciplinar, focada na interrupção do agente causador e no manejo das lesões cutâneas e orais. A intervenção precoce, combinada com tratamento odontológico cuidadoso e laserterapia, foi crucial para a melhora da condição bucal.