Educação e Pesquisa (Sep 2014)
Autonomia, cooperativismo e autogestão em Freinet: fundamentos de uma pedagogia solidária internacional
Abstract
A moderna educação pública, a partir de fins do século XX, passou a sofrer novas influências de políticas hegemônicas de vieses tecnocrático, mercadológico e financeiro. Diante desse quadro, um de seus principais fundamentos, a autonomia pedagógica, encontra-se sob pressão e condicionamento no mundo. Assim, defendemos que o estudo da autonomia na educação moderna pode auxiliar a esclarecer criticamente as condições e seu desenvolvimento na história. Nessa perspectiva, uma das reconhecidas obras pedagógicas reside na chamada Pedagogia do trabalho ou escola moderna, de Célestin Freinet (1896-1966), a qual procuramos analisar a partir de revisão da literatura. Neste trabalho, portanto, enfocamos seus meios e fundamentos teórico-metodológicos como a livre expressão, o livre trabalho, a livre cooperação, as técnicas de trabalho, a livre pesquisa, a comunicação interescolar. Na análise, observamos a presença teórica de um quadro marxiano heterodoxo implícito na metodologia freinetiana, particularmente relacionada à teoria das relações materiais de produção, à teoria da alienação e à doutrina internacionalista. Tais fundamentos, somados à originalidade de Freinet, permitiram a criação de meios técnicos e a cooperação internacional, que subjazem à autonomia radical de sua pedagogia. Como resultados, observamos e descrevemos fundamentos pouco analisados em Freinet, devido ao caráter embrionário em seu tempo e espaço: o cooperativismo internacional e a autogestão da escola moderna, os quais revelam a relevância e atualidade do autor para o resgate e o desenvolvimento da autonomia pedagógica, bem como a ampliação da dimensão da obra freinetiana como uma pedagogia solidária internacional, frente ao difícil contexto histórico presente.
Keywords