Pós: Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP (Jun 2015)
O desenho do suporte da renovação urbana: trânsitos entre plano e projeto
Abstract
A falsa concorrência entre planos e projetos urbanos pautou a discussão sobre a transformação das cidades, durante os últimos 20 anos. À luz de notáveis experiências do século 20 – o Plano Obus para Argel, Le Corbusier (1929-30) e as superestruturas metabolistas japonesas (anos 1960) – e pautado por autores focados na contemporaneidade urbanística, este ensaio sugere caminhos possíveis para a conciliação das duas instâncias de pensamento propositivo nas cidades atuais. Plano e projeto urbano são descritos como faces complementares do mesmo processo de enfrentamento das questões urbanas, a partir da identificação de uma linha condutora entre reflexão e intervenção na cidade. Descreve-se a necessidade de um suporte urbano suficientemente rígido, para manter um horizonte de sentido ao conjunto de intervenções, e suficientemente maleável, para resistir às transformações impostas pelas próprias intervenções e por aquelas inerentes aos avanços dos sistemas produtivos. Um suporte que seja fruto dos desejos coletivos da sociedade, mas que se reconheça como peça tributária do desejo autoral dos urbanistas. Trata-se de um conjunto de especulações sobre a escala de atuação do Urbanismo, com desdobramentos na condição contemporânea da realidade paulistana. Planos e instrumentos urbanísticos em vigência – e outros já superados – delimitam o recorte da leitura deste ensaio e disparam um início de discussão sobre as possibilidades e necessidades de atuação no ambiente construído desta grande cidade, propondo um espaço de reflexão que recoloque em consonância planos e projetos. Apresenta-se, portanto, uma tentativa de rompimento da cisão histórica entre dois campos de atuação profissional que deveriam se conciliar como braços de um único processo.