Revista Portuguesa de História (Sep 2024)
A Universidade de Coimbra: a instituição senhorial na longa duração
Abstract
A Universidade de Coimbra foi, na época moderna, uma instituição poliédrica. A historiografia tem-nos revelado a sua função de entidade produtora de conhecimento e de formação de letrados que desempenharam cargos no reino e no império. Foi também um senhorio territorial, que constituiu a base material do seu financiamento, e um senhorio jurisdicional dotado de várias prerrogativas que lhe conferiam poder real e simbólico. Dotada da jurisdição senhorial intermédia, usufruía da prerrogativa de isenção de correição, do apuramento das eleições das justiças concelhias que era feito pelo Reitor ou pelo ouvidor e do conhecimento de apelações e agravos. A Universidade era ainda detentora de vários privilégios, destacando-se o foro privativo que libertava das justiças régias os membros da corporação universitária, assim como muitas pessoas que com ela interagiam. Numa análise de longa duração (1290-1835) apreendem-se as fases de estruturação e consolidação do sistema senhorial, que coincidem com períodos de reforma nos estudos, bem como as dificuldades de a instituição obter os recursos humanos e materiais adequados para controlar um território senhorial geograficamente disperso e habitado por enfiteutas e paroquianos que não se deixavam apanhar nas malhas das justiças privativas senhoriais Neste estudo, analisamos a Universidade de Coimbra na sua vertente senhorial no sentido de identificar a natureza, proveniência e forma de gestão das suas fontes de financiamento e apuramos alguns dos constrangimentos dos Estudos provenientes da impossibilidade de afetar os recursos suficientes às atividades específicas da Academia.
Keywords