Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

MUCORMICOSE DE RINOFARINGE EM PACIENTE ADULTO COM LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA: UM RELATO DE CASO

  • F Malagutti,
  • FGL Nunes,
  • GG Rodrigues,
  • LOVD Reis,
  • MEP Antoniolli,
  • JS Almeida,
  • GE Kobashikawa,
  • SC Fortier,
  • TC Bortolheiro,
  • ACKVD Nascimento

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S303

Abstract

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Introdução/Objetivos: A mucormicose, também conhecida como zigomicose, é uma infecção fúngica rara, causada por fungos na ordem dos Mucorales, com alta morbidade e mortalidade (54%). Representa a terceira lesão fúngica invasiva mais comum em pacientes imunossuprimidos, depois da aspergilose e candidíase, tendo uma incidência de 0.1% em pacientes com neoplasias hematológicas. O relato tem como objetivo destacar a importância do diagnóstico precoce e tratamento combinado com terapia medicamentosa e cirúrgica. Material e métodos: As informações foram obtidas por meio de revisão de prontuário e revisão de literatura. Relato de caso: Paciente G.A.S, 44 anos, internado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e diagnosticado com Leucemia Linfoblástica Aguda pré B. Foi iniciado protocolo Gmall2003, evoluindo com neutropenia febril, coriza e episódio autolimitado de epistaxe, 19 dias após do início da quimioterapia. Realizou TC de seios da face e tórax, sendo evidenciado sinal de sinusopatia. Em avaliação pela equipe de otorrinolaringologia, realizado nasofibroscopia em que foi observada lesão heterogênea escurecida-esverdeada com pontos acinzentados em cabeça de corneto médio esquerdo e lesão esverdeada puntiforme em cabeça do corneto médio direito, compatível com lesão fúngica invasiva sugestiva de mucormicose. Iniciado de forma precoce terapia medicamentosa com anfotericina B desoxicolato 50 mg/dia e indicado cirurgia de urgência para desbridamento das lesões e coletado material para biópsia que mostrou presença de hifas não septadas com ramificações em ângulo reto, compatível com mucormicose. Fez uso de anfotericina B desoxicolato por 22 dias, até disponibilidade da anfotericina lipossomal, sendo administrada por 30 dias na dose de 5 mg/kg/dia. Evoluiu com melhora da neutropenia febril e pós-operatório sem intercorrências. Seguiu com a quimioterapia de indução II do protocolo com atraso de 9 dias, sem recorrência do foco infeccioso. Paciente recebeu alta com itraconazol 200 mg/dia como tratamento de manutenção, por indisponibilidade de posaconazol no serviço público. Após alta já realizou mais 2 ciclos de consolidação sem complicações infecciosas. Discussão: Por tratar-se de uma infecção rapidamente progressiva e altamente fatal, a mucormicose deve ser suspeitada em pacientes imunossuprimidos com neutropenia febril e sintomas nasais e prontamente iniciado tratamento. Embora não haja consenso, a maioria dos estudos recomenda anfotericina B lipossomal em altas doses como primeira linha de tratamento associado à intervenção cirúrgica precoce quando possível, podendo apresentar taxa de sobrevivência 62%. Conclusão: O caso apresentado reforça a importância do diagnóstico precoce e início imediato do tratamento com terapia antifúngica e cirúrgica resultando em desfechos favoráveis.