Revista Educação e Cultura Contemporânea (Aug 2016)
Os Limites das Categorias Heteronormativas no cotidiano escolar e a Pedagogia Queer: o caso do uso do banheiro
Abstract
Este trabalho tem como objetivo mapear a heteronormatividade como dispositivo sexual e as diferenças como possibilidade de uma pedagogia queer (LOURO,2001) no ambiente educacional universitário a partir de uma experiência vivenciada pelos alun@s do curso de Licenciatura em Ciências Humanas da Universidade Federal do Maranhão-UFMA, campus São Bernardo tendo como viés de análise o paradigma Pós-Estruturalista e a Teoria Queer. O estudo de caso refere-se ao episódio em que um visitante do campus homossexual masculino que se sentiu mais à vontade em usar o banheiro feminino gerou uma desestabilização entre @s alun@s do referido curso acerca dos pares categoriais ficcionais, dicotômicos excludentes de sexo (macho-fêmea), gênero (homem-mulher) e sexualidade (heterossexual-homossexual) expressados na arquitetura escolar rígida, determinada pelo padrão heteronormativo que não possui espaço para outros corpos que rompam com os binarismos, em especial o banheiro. Como consequência dessa desestabilização @s alun@s se sentirem “violentad@s” e “ofendid@s” pela ação do visitante, mas ao mesmo tempo, sem conseguir explicar com clareza o porquê de tal sentimento. A metodologia utilizada se deu a partir de observação direta e conversas informais com os alunos, de maneira coletiva e individual, bem como debates travados em sala de aula. A partir dessa situação limite foi possível compreender que o gênero foi entendido pelos alu@s enquanto equivalente e/ou igual a órgão sexual e não enquanto uma construção social, simbólica e política sobre os corpos, gêneros e sexualidade.