Tempo Social (Oct 2023)

A gestão empresarial das memórias sensíveis: Poderes, sentidos e práticas em torno do Cais do Valongo no Rio de Janeiro

  • Roberta Sampaio Guimarães,
  • João Paulo Macedo e Castro

DOI
https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204420
Journal volume & issue
Vol. 35, no. 2
pp. 63 – 82

Abstract

Read online Read online

Resumo Neste artigo, analisamos os feixes de poder que possibilitaram a inscrição do sítio arqueológico Cais do Valongo como patrimônio mundial. Através de documentos, trabalho de campo e literatura especializada, destacamos três cenários: a incorporação de ativistas dos movimentos negros à administração pública no final dos anos 1970, a legitimação internacional das agendas afro-brasileiras pelo projeto A Rota do Escravo da Unesco e o incremento à indústria turística durante a operação urbana Porto Maravilha no início do século XXI. Argumentamos que a territorialização das memórias da escravidão foi impulsionada por uma gestão empresarial das identidades culturais, em que métodos e procedimentos técnicos se impuseram como modelo de ação política. Desse modo, concluímos que o discurso da identidade afro-brasileira se integrou às novas dinâmicas de acumulação do capital e de mercantilização cultural, com os sentidos e práticas em torno do cais agregando as lógicas do dever de memória e da regulação concorrencial.

Keywords