Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

PRESENÇA DE ANTICORPOS IRREGULARES EM TESTES IMUNO-HEMATOLÓGICOS DE PACIENTES DO HOSPITAL JÚLIA KUBITSCHECK: AVALIAÇÃO DO PERFIL DOS PACIENTES E DOS ANTICORPOS IDENTIFICADOS

  • EMS Kroger,
  • AJF Marinho,
  • LB Anastacio

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S808

Abstract

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Objetivo: Caracterizar os pacientes atendidos pela agência transfusional (AT) do Hospital Júlia Kubitscheck (HJK) que apresentaram pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) positiva e descrever os anticorpos identificados nos testes. Material e métodos: : Análise retrospectiva com avaliação de prontuários e de outros registros da AT. O critério de inclusão foi a PAI positiva em exame realizado no período de 01/01/2022 a 30/06/2024 na AT do HJK. Resultados: No período estudado foram identificados 82 pacientes com PAI positiva. 60% do sexo feminino e 40% masculino. O grupo sanguíneo ABO/RhD da maioria era O positivo (35%), seguido por A positivo (31%). A idade variou entre 18 e 88 anos, com mediana de 44,5 anos. Entre as comorbidades as doenças cardiovasculares foram as mais frequentes, seguido pelas pulmonares e infecciosas. Em 57% dos pacientes foi identificado 1 anticorpo, em 32,9% 2 anticorpos, em 10% 3 anticorpos, em 6% 4 anticorpos e 1 paciente apresentou 6 anticorpos. Dentre os anticorpos identificados 30 não puderam ter sua especificidade determinada. 29 eram autoanticorpos (48% da classe IgG, 41% IgM, 4% IgA e 7% anti-e). Entre os aloanticorpos o mais frequente foi o anti-E (21,9% dos pacientes), seguido por anti-Kell (14,6%) e anti-C (9,75%). Por se tratar de sangue raro, mencionamos o achado de uma paciente com anti-U. A maioria dos pacientes (78%) apresentou PAI positiva desde o primeiro teste realizado na unidade, os outros 18 pacientes apresentaram aloimunização após exposição à transfusão – o número de concentrado de hemácias variou de 1 a 14 unidades, sendo a mediana e a moda 2 unidades. 7 identificações de PAI positiva ocorreram durante o período gestacional (anti-D em 2 pacientes, anti-M em 2, Lea e Leb em 1, anti-c em 1 e inespecífico em 1). Discussão: O perfil dos pacientes está em acordo com o perfil de pacientes do serviço (unidade de referência para casos de pneumologia, obstetrícia de alto risco e atendimento hemoterápico de apoio de um serviço referência em infectologia). Observamos que os anticorpos identificados com maior frequência (E, K e C) são de relevância clínica para reação transfusional do tipo hemolítica, demandando o cuidado em selecionar hemácias fenotipadas para transfusão. No grupo de gestantes com PAI positiva os anticorpos encontrados, com exceção do anti-D, apresentam baixo risco para doença hemolítica do feto e do recém-nascido. Conclusão: O achado de PAI positiva indica necessidade de realizar testes complementares, acarretando complicações, adiando procedimentos invasivos elevando custos e gerando internações prolongadas. Conhecer o perfil do usuário atendido pela AT é essencial para planejamento de estratégias hemoterápicas, inclusive práticas para minimizar a aloimunização – como indicação de hemácias deleucocitadas, bolsas fenotipadas e a indicação criteriosa das transfusões. O patient blood management pode reduzir a exposição do paciente a antígenos e, consequentemente, reduzir casos de aloimunização.