Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

ANÁLISE DAS RESERVAS CIRÚRGICAS DE HEMOCOMPONENTES NÃO UTILIZADAS EM UM HOSPITAL PÚBLICO

  • GDS Paula,
  • SFS Viana,
  • MA Mota

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S866

Abstract

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Introdução: A solicitação de reserva de hemocomponentes para cirurgia em quantidades muito além do necessário gera uma sobrecarrega à Agência Transfusional, configura desperdício de recursos humanos, danos ao erário e prejuízo ao paciente, haja vista que muitos hemocomponentes são reservados para cirurgias, mas poucos são efetivamente utilizados. O conhecimento e análise do consumo de hemocomponentes pelo paciente submetido a intervenção cirúrgica são de fundamental importância para que a agência transfusional possa prover um atendimento rápido, eficaz e seguro. Objetivo: Analisar as reservas cirúrgicas de hemocomponentes no período de maio a julho de 2023 e relacionar com os valores gastos com reagentes para testes imunohematológicos. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo descritivo, exploratório e observacional. Os dados foram obtidos através da análise das fichas transfusionais da instituição no período de maio a julho de 2023 e foram contabilizados quantitativamente. O custo com reagentes para o processamento das bolsas foi levantado através da média do valor gasto por teste para cada paciente. Resultados: A maior parte dos procedimentos foram eletivos, o que confere grande impacto no presente estudo. Entre os meses de maio a julho de 2023, foram realizadas 102 cirurgias com necessidade de reserva de hemocomponentes, sendo solicitado 200 concentrados de hemácias (CHM), 31 concentrados de plaquetas (CP) e 79 plasma fresco congelado (PFC). Com relação a utilização, apenas 8 CHM (4%), 0 CP (0%) e 1 PFC (1,26%) foram transfundidos no período de até 72 horas após a realização da reserva. Quanto aos custos financeiros totais com reagentes para realização dos testes pré-transfusionais (tipagem ABO/RhD e pesquisa de anticorpos irregulares) foi estimado em aproximadamente R$ 1.681,86, perfazendo um total de R$ 1.599,72 gastos com as reservas cirúrgicas não utilizadas. Discussão: Sabe-se que o concentrado de hemácias é utilizado na prática clínica para tratar ou prevenir iminente e inadequada liberação de oxigênio aos tecidos, como nos casos de hemorragia aguda; e é habitualmente requisitado em situações de emergência, justificando o uso mais frequente e a necessidade maior de reserva deste hemocomponente em procedimentos cirúrgicos. Serviços de Hemoterapia sugerem que seja realizado estudo clínico prévio do paciente que será operado com o intuito de tratar possíveis fatores de risco para o sangramento perioperatório, afim de minimizar a necessidade de transfundí-lo. O estudo deve abarcar investigação de anemias e suas possíveis causas, com o objetivo de correção prévia, distúrbios e/ou uso de drogas que interferem na coagulação e hipoproteinemias. Conclusão: Os dados coletados forneceram subsídios para a identificação de possibilidades de melhoria no processo hemoterápico e na utilização racional do sangue na instituição, visto que as reservas cirúrgicas de hemocomponentes não utilizadas causam um impacto financeiro nos gastos com reagentes, bem como no controle de estoque e armazenamento destes na agência transfusional.