DST (Dec 2022)

Infecção HIV no cérebro

  • Rosangela S. Kalil,
  • Pierre G. Bauer,
  • Guilia M. R. Santoro,
  • Ivete A. Espíndola Pereira,
  • Fernando R. A. Ferry,
  • Rogério N. Motta,
  • José Ramon R. A. Lopes,
  • Carlos Alberto M. Sá

Journal volume & issue
Vol. 17, no. 1

Abstract

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Introdução: a importância das manifestações neuropsicológicas como meio de identificar a presença do HIV-1 no sistema nervoso central. Objetivos: avaliar a possível relação entre o HIV-1 no Sistema Nervoso Central (SNC), mecanismo patológico, proteção do SNC e alterações neu-ropsicológicas cognitivas; Identificar a existência ou falta de sintomas neuropsicológicos e sua importância com a presença do HIV-1 no SNC. Metodos: revisão sistemática de mais de 100 artigos recentemente publicados na literatura médica nacional e internacional via PubMed, referentesaos mecanismos biológicos e patológicos relacionados ao HIV-1 no SNC e as funções neuropsicológicas. Foram estabelecidas correlações entre osaspectos biológicos, patológicos, neuropsicológicos e questões controversas de importância clínica em pacientes infectados pelo HIV-1. Resultados: a maioria dos trabalhos selecionados supõe que o HIV-1 entra precocemente no SNC, que é imunologicamente privilegiado, no curso da infecção eestabelece-se no cérebro ao longo da vida. A via principal de entrada do HIV-1 no cérebro ocorre pelo influxo aumentado de monócitos infectados no SNC. A lesão direta do neurônio cerebral pode ocorrer pela ação de várias proteínas virais como Tat, gp120, Vpr. Em tal situação, a interação diretade proteínas do HIV-1 destrói os neurônios sem qualquer papel intermediário das células gliais. A lesão indireta pode ser a forma mais freqüente emque vários produtos difusíveis dos monócitos ativados, macrófagos, astrócitos e micróglias induzem o processo de morte de neurônios inespecíficos, inocentes e presentes no local. Contrastando com a maioria dos trabalhos publicados, há evidências de que apontam um papel protetor do HIV-1 queativando astrócitos e micróglias preservam a função cognitiva promovendo proteção neuronal. Discussão: os resultados desta revisão sistemáticamostram que o HIV-1 no cérebro pode promover diferentes graus de alterações neuropsicológicas, dependendo da interação do HIV-1 no SNC. No caso de ataque direto do HIV-1 ao neurônio cerebral (neurotoxidade direta), graves alterações neuropsicológicas cognitivas poderiam certamenteocorrer. No caso de neurotoxidade em que monócitos infiltrados, macrófagos, micróglia e astrócitos produzem várias citoquinas, quimiocinas, aminoácidos, proteínas HIV-1 e outros produtos difusíveis, os neurônios podem ser lesados ou morrer dependendo da intensidade da agressão inicial. Asmanifestações cognitivas neuropsicológicas podem ser leves, moderadas ou graves dependendo da intensidade do dano cerebral. No caso de ausênciade sintomas cognitivos na infecção HIV-1 do cérebro, algumas evidências publicadas na literatura mostram um possível papel neuroprotetor de citoquinas, como o TNF produzido pelos monócitos infiltrados e células gliais. Conclusão: os testes neuropsicológicos podem ser importantes para a avaliação prognóstica e o tratamento adequado da infecção HIV-1 do SNC e para a determinação do curso clínico do paciente. Distúrbios neuropsicológicos podem funcionar como marcadores de agressão de proteção para o SNC infectado pelo HIV-1. A atividade viral do HIV-1 no SNC pode serinferida a partir das alterações neuropsicológicas encontradas.

Keywords