Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

FREQUÊNCIA DE ANTI-K EM MULHERES POLITRANSFUNDIDAS DIANTE A ANEMIA HEMOLÍTICA PERINATAL

  • AF Silva,
  • FB Bher,
  • P Cordeiro,
  • PTR Almeida

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S751 – S752

Abstract

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Objetivo: Analisar a frequência de aloanticorpos Anti-K e Anti-D em um serviço de hemoterapia. Métodos: Foi realizada uma pesquisa retrospectiva no período de janeiro de 2018 a junho de 2023 em um hospital de Curitiba-PR, através de uma análise de prontuário considerando os campos de histórico transfusional e gestacional nas requisições de transfusão. A população avaliada inclui indivíduos do sexo feminino na faixa etária entre 20 a 80 anos de idade, com Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI) positiva e identificados os anticorpos Anti-D ou Anti-K. Foram excluídos do estudo pacientes que onde foram identificados Anti-D devido imunoprofilaxias, identificação de anticorpos pertencentes a outros sistemas, pacientes do sexo masculino e neonatos. A identificação dos anticorpos foi realizada através de painel de hemácias na metodologia gel-teste. Resultado: oram analisados um total de 60 laudos de pacientes atendidos pela instituição no período estudado. Desse total, 53% dos laudos emitidos identificaram Anti-D e 47% Anti-K. Suspeita-se que os casos de aloimunização por Anti-D sejam provenientes de gestações anteriores, uma vez que foram respeitado o sistema Rh para as transfusões, entretanto, as aloimunizações identificadas como Anti-K, apresentaram dificuldade na investigação da origem do anticorpo, uma vez que diante as análises de prontuário, foi observado que 77% das pacientes com Anti-K possuíam os campos de ascendentes transfusionais e histórico gestacional ignorados pelos solicitantes de transfusão. Discussão: Ambos os aloanticorpos são descritos como anticorpos da classe IgG, apresentam alta imunogenicidade e possuem a capacidade de atravessar a membrana placentária, podendo causar hemólise fetal. Diferente do antígeno D, o antígeno Kell é expresso na superfície de células precursoras de eritrócitos e diante uma mãe aloimunizada, ocorre a hemólise dessas células e assim, compromete a eritropoiese do feto em nível medular, ocasionando anemia. A anemia está envolvida no desenvolvimento de hipertensão portal e hipoproteinemia devido ao desempenho exacerbado do fígado fetal e dessa maneira a bilirrubina fica livre no organismo, podendo depositar-se no sistema nervoso central. Ambos apresentam manifestações clínicas semelhantes, porém uma vez que as células precursoras não apresentam níveis consideráveis de hemoglobina, a hiperbilirrubinemia não é perceptível em um primeiro momento, apenas a anemia fetal. A literatura apresenta casos vistos de natimortos com títulos baixos do anticorpo, revelando que o título não condiz sobre a severidade da DHPN. Considerando a frequência dos antígenos na população caucasiana de D (85%) e K (9%), casos de anti-D são mais controláveis pensando em respeitar fenótipo Rh e as imunoprofilaxias disponíveis. Entretanto, os casos de anti-K baseado na frequência do antígeno, podem ser relacionados a um primeiro contato, por transfusões ou gestações, não possuindo um monitoramento para controle. Conclusão: O monitoramento da fenotipagem do antígeno Kell para pacientes do sexo feminino possui grande relevância em gestações e executar um protocolo de fenotipagem para o antígeno Kell dos receptores e/ou doadores, contribuiria em gestações mais seguras e na queda dos casos de aloimunização.