Arquivos de Gastroenterologia (Sep 2008)

Resultados da cirurgia de reservatórios ileais em pacientes com doença de Crohn Long-term outcomes of ileal pouch after secondary diagnosis of Crohn's disease

  • Maria de Lourdes Setsuko Ayrizono,
  • Luciana Rodrigues Meirelles,
  • Raquel Franco Leal,
  • Cláudio Saddy Rodrigues Coy,
  • João José Fagundes,
  • Juvenal Ricardo Navarro Góes

DOI
https://doi.org/10.1590/S0004-28032008000300007
Journal volume & issue
Vol. 45, no. 3
pp. 204 – 207

Abstract

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RACIONAL: Retocolectomia total e reservatório ileal com anastomose ileoanal constitui o procedimento de escolha para doentes com retocolite ulcerativa inespecífica que requerem cirurgia. Entretanto, alguns doentes por ela acometidos podem desenvolver características compatíveis com doença de Crohn, com conseqüente falência do reservatório. OBJETIVO: Avaliar a evolução tardia dos doentes com reservatórios ileais cujo diagnóstico definitivo foi doença de Crohn. MÉTODOS: Entre fevereiro de 1983 a março de 2007, 151 doentes do Grupo de Coloproctologia do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, SP, foram submetidos a retocolectomia total e reservatório ileal, sendo 76 por retocolite ulcerativa inespecífica. Destes, 11 (14,5%) evoluíram como doença de Crohn, com diagnóstico histopatológico confirmado em 9: 1 no espécime da retocolectomia, 2 na proctectomia, 2 em segmentos de intestino delgado, 3 em reservatórios ileais, sendo 2 em biopsias e 1 no reservatório ressecado, e 1 em material de abscesso perianal. Oito doentes (72,7%) eram mulheres e a média de idade foi de 30,6 (18-65) anos. RESULTADOS: Todos tinham diagnóstico pré-operatório de retocolite ulcerativa inespecífica e cinco foram operados inicialmente por megacólon tóxico. O tempo médio entre a confecção do reservatório ileal e a manifestação da doença de Crohn foi de 30,6 meses. Ileostomia de proteção não foi fechada apenas em um doente que apresentou fístula do reservatório no enema opaco e, posteriormente, abscesso perianal extenso e recidiva da doença de Crohn na alça aferente do reservatório. No seguimento tardio, três doentes evoluíram com fístulas perianais e perineais complexas, sendo associada à fístula reservatório-vaginal em uma delas. Todos necessitaram de nova derivação e o reservatório foi excisado em um deles devido à persistência da sepse pélvica. Uma outra apresentou fístula do reservatório para o intróito vaginal, corrigida com cirurgia de avanço mucoso. Houve também progressão da doença para o íleo proximal em três doentes. Nos outros três, a recidiva da doença foi no reservatório ileal, com boa resposta ao tratamento clínico. Atualmente, com seguimento médio de 76,5 meses, todos os doentes estão assintomáticos, sendo que quatro estão com derivação e sete com reservatórios funcionantes, estes apresentando 6-10 evacuações ao dia e continência praticamente normal. CONCLUSÃO: Recidiva da doença de Crohn após retocolectomia e reservatório ileal é relativamente freqüente, com ocorrência de complicações como abscessos, fístulas e estenoses. Entretanto, reservatórios ileais com doença de Crohn e mantidos, podem ser compatíveis com função satisfatória.BACKGROUND: Total rectocolectomy and ileal pouch-anal anastomosis is the choice surgical procedure for patients with ulcerative colitis. In cases of Crohn's disease post-operative diagnosis, it can be followed by pouch failure. AIM: To evaluate ileal pouch-anal anastomosis long-term outcome in patients with Crohn's disease. METHODS: Between February 1983 and March 2007, 151 patients were submitted to ileal pouch-anal anastomosis by Campinas State University Colorectal Unit, Campinas, SP, Brazil, 76 had pre-operative ulcerative colitis diagnosis and 11 had post-operative Crohn's disease diagnosis. Crohn's disease diagnosis was made by histopathological biopsies in nine cases, being one in surgical specimen, two cases in rectal stump, small bowel in two cases, ileal pouch in three and in perianal abscess in one of them. The median age was 30.6 years and eight (72.7%) were female. RESULTS: All patients had previous ulcerative colitis diagnosis and in five cases emergency colectomy was done by toxic megacolon. The mean time until of Crohn's disease diagnosis was 30.6 (6-80) months after ileal pouch-anal anastomosis. Ileostomy closure was possible in 10 cases except in one that had ileal pouch fistula, perianal disease and small bowel involvement. In the long-term follow-up, three patients had perineal fistulas and one had also a pouch-vaginal fistula. All of them were submitted to a new ileostomy and one had the pouch excised. Another patient presented pouch-vaginal fistula which was successfully treated by mucosal flap. Three patients had small bowel involvement and three others, pouch involvement. All improved with medical treatment. Presently, the mean follow-up is 76.5 months and all patients are in clinical remission, and four have fecal diversion. The remaining patients have good functional results with 6-10 bowel movements/day. CONCLUSION: Crohn's disease diagnosis after ileal pouch-anal anastomosis for ulcerative colitis may be usual and later complications such fistulas and stenosis are common. However, when left in situ ileal pouch is associated with good function.

Keywords