Horizontes Antropológicos (Jul 2001)
Rituais políticos e a transformação do Partido Comunista Italiano
Abstract
Os rituais exercem um papel central na vida política contemporânea, mesmo que, freqüentemente, este papel não seja reconhecido. Demonstramos, através da análise da transformação, entre 1989-1991, do Partido Comunista Italiano (PCI) em um partido pós-comunista, o papel-chave do ritual na política moderna. Ao longo deste caminho, examinamos e ilustramos as maneiras pelas quais os rituais são empregados para propósitos políticos. Após a queda do muro de Berlim, líderes do PCI decidiram que a identidade comunista tornou-se demasiadamente estigmatizada, e que uma nova identidade era necessária para o Partido, para que se evitasse o seu declínio. Desde a metade dos anos 1979, o segundo maior partido da Itália, o PCI, vinha constantemente perdendo suporte eleitoral. Na tentativa de mudar sua identidade, no entanto, os líderes do PCI deparam-se com a grande força do simbolismo associado ao Comunismo na Itália. Para muitos membros, o ser "Comunista" era parte central de sua própria auto-imagem. A oposição dentro do Partido tirou vantagem da força deste simbolismo, e dos ritos associados a ele, para opor-se à mudança. A inabilidade para inventar novos ritos e símbolos que tivessem o mesmo poder, deixou a liderança vulnerável. Este artigo examina esta disputa, pensada através do simbolismo e do ritual, olhando para o processo pelo qual o Partido Comunista Italiano tornou-se o Partido Democrático da Esquerda (PDS).Rituals occupy a central role in contemporary political life, although this role is often not recognized. Through the examination of the transformation, in 1989-1991, of the Italian Communist Party (PCI) into a post-communist party, the key role of ritual in modern politics is demonstrated. Along the way, the ways in which rituals are employed for political purposes are examined and illustrated. Following the fall of the Berlin wall, PCI leaders decided that a Communist identity had become too stigmatic, and that a new identity was required for the party to avoid inevitable decline. Long the second largest party in Italy, the PCI had been steadily losing electoral support since the mid-1970s. In attempting to change its identity, however, the PCI leaders faced the great potency of the symbolism associated with Communism in Italy. For many members, being "Communist" was a central part of their own self-image. The opposition within the party took advantage of the strength of this symbolism, and associated rites, to try to rally the party faithful to oppose the change. Inability to invent new rites and symbols that would have the same power left the leadership vulnerable. This article examines this battle, fought through symbolism and ritual, looking at the process where by the Partito comunista italiano became the Partito democratico della sinistra.
Keywords