Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

INCIDÊNCIA DE TROMBOEMBOLISMO VENOSO (TEV) NO REGISTRO ADVENTH-PEDIÁTRICO EM UMA CIDADE DO SUDESTE DO BRASIL

  • MP Veríssimo,
  • SC Huber,
  • SZ Rigatto,
  • RO Vilela,
  • SA Montalvao,
  • JH Pires,
  • G Nunes,
  • VR Pinheiro,
  • J Annichino-Bizzacchi

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S570 – S571

Abstract

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Introdução: A incidência do TEV na população pediátrica tem aumentado como resultado de um diagnóstico mais preciso e da sobrevivência de crianças com doenças graves e crônicas. No Brasil, os dados epidemiológicos sobre o TEV em crianças são escassos, o que dificulta o diagnóstico ideal, bem como as estratégias profiláticas e de tratamento. Objetivo: Realizar um registro de TEV sintomático ou incidental confirmado objetivamente por meio de aspectos clínicos e diagnósticos em pacientes pediátricos internados em três hospitais terciários. Material e métodos: Estudo observacional prospectivo multicêntrico de TEV relacionado à presença ou ausência de Cateter Venoso Central (CVC), incluindo eventos sintomáticos ou incidentais, de pacientes atendidos em centros de referência (HC-UNICAMP, CAISM-UNICAMP e Boldrini). Os pacientes foram avaliados diariamente pela revisão de prontuário quanto à presença de TEV, e apenas pacientes cujo TEV foi confirmado por exames de imagem foram incluídos. Nos pacientes com CVC o exame de imagem foi realizado em caso de suspeita de TEV. Resultados: Entre setembro de 2018 e janeiro de 2022, de 5040 internações com idade média 5 anos (0‒16 anos), foram diagnosticados 39 casos de TEV, correspondendo a uma incidência de 0,0076%. A maioria das internações ocorreu no Boldrini (53,5%), mas o TEV foi mais prevalente nos pacientes do HC (71,8%). Os pacientes hospitalizados tinham vários diagnósticos subjacentes, sendo o mais comum o câncer (46,95%) para ambos os grupos, mas no grupo do TEV a doença cardíaca apresentou uma alta prevalência (20,5%). No grupo sem TEV, foi feita uma única inserção de CVC (52,6%), já no grupo com TEV houve duas inserções (37,0%). O intracath foi o cateter mais utilizado em ambos os grupos. A maioria dos casos de TEV foi associada ao CVC (70%). O tempo médio entre a inserção do CVC e o diagnóstico de TEV foi de 18 dias (0‒671 dias). No grupo TEV, a maioria dos pacientes estava com imobilização no leito (76,9%). Em ambos os grupos, não foram realizadas cirurgias durante a internação. Com relação aos eventos de TEV os locais afetados foram os membros superiores (51,3%), membros inferiores (43,6%), abdome (veia esplênica) (2,5%) e membro superior + pulmões (2,5%). Os fatores de risco estavam presentes em 95% das crianças. A maioria dos casos foi diagnosticada por US (91%). A terapia anticoagulante foi usada em 31 (80%) pacientes. Todas as crianças sobreviveram até a alta hospitalar, e 129 morreram durante o acompanhamento, mas não relacionadas ao TEV. Discussão: Apesar dos hospitais incluídos nesse registro serem terciários, eles têm perfis heterogêneos. É importante ressaltar que neste estudo não realizamos busca ativa de TEV. A terapia anticoagulante foi utilizada em aproximadamente 80% dos pacientes, devido à trombocitopenia associada à quimioterapia ou condição clínica prévia. A maioria das tromboses neste registro teve uma associação com a presença de CVC, corroborando a literatura. Além disso, também observamos associação das condições clínicas, como malignidade, doença cardíaca, doença renal ou outras condições concomitantes, confirmando o papel dessas condições clínicas no favorecimento e aparecimento do TEV. Conclusões: Os dados preliminares desse primeiro registro brasileiro de TEV pediátrico sem busca ativa indicam que sua prevalência em crianças hospitalizadas é semelhante à descrita em outras populações e está amplamente associada à presença de CVC.