Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Nov 2024)

ID213 Análise de microcusteio do tratamento do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico na perspectiva de um hospital público

  • Vania dos Santos Nunes Nogueira,
  • Juliana Tereza Coneglian de Almeida,
  • Rodrigo Bazan,
  • Sarah Nascimento Silva,
  • Lukas Fernando Silva,
  • Juliana Machado Rugolo,
  • Mônica Aparecida d e Paula de Sordi,
  • Carlos Clayton Macedo de Freitas

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2024.v9.s1.p.157
Journal volume & issue
Vol. 9, no. s. 1

Abstract

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Introdução O Acidente Vascular Cerebral (AVC) continua sendo uma das principais causa de morte em todo o mundo, principalmente em países de baixa e média renda. De acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) no país disponibilizado pelo DATASUS, e incluindo dados de infarto cerebral, AVC isquêmico (AVCi), AVC hemorrágico, hemorragia subaracnoidea e AVC não-especificado, em 2021 ocorreram 103.425 mortes por AVC no Brasil. Objetivo: mensurar o custo real do tratamento do AVCi agudo na perspectiva de um hospital público terciário. Métodos Trata-se de um estudo de microcusteio (abordagem de baixo para cima) dos custos diretos do tratamento AVCi agudo na perspectiva de um hospital público (HCFMB). Foram avaliados quatros cenários: apenas o tratamento padrão (1); alteplase (2); alteplase e trombectomia mecânica (3); trombectomia mecânica (4). Os três últimos compreendem os cenários do tratamento endovascular. A partir da quantidade de pacientes internados por AVCi agudo no HCFMB no ano de 2019 e da mediana de dias de hospitalização foram computados para cada cenário os custos diretos médicos na perspectiva do HCFMB e do SUS. Os custos foram mensurados no Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, e Órtese, Prótese e Meios Auxiliares de Locomoção do SUS (faturamento SUS) e e a partir do relatório de custos diretos do HCFMB referente ao ano de 2019 (custo HCFMB). Os custos HCFMB foram ajustados pela inflação de 2019 para o ano de 2023 por meio da CCEMG –EPPI-Centre Cost Converte. Foram realizadas análises de sensibilidade considerando o número de participantes elegíveis, taxa de incorporação, dias de internação e frequência de hemorragia como evento adverso do tratamento endovascular Resultados Em 2019 foram hospitalizados 258 pacientes devido AVCi agudo, sendo 231(89,5%) tratados no cenário 1, 21 (8%) no cenário 2, quatro (1,5%) no cenário 3 e dois do cenário 4 (1%). A média de idade dos pacientes foi 65 anos, em todos os cenários predominou o sexo masculino, a mediana de dias internação foi respectivamente de 6, 8, 10 e 9 dias. Em relação ao cenário 1, o faturamento SUS incluindo as diárias de UTI foi de R$711.449,97, o custo HCFMB foi estimado em R$ 1.523.503,76, gerando uma diferença de - R$812.053,80. No que se refere ao tratamento endovascular, o custo HCFMB foi estimado em R$ 438.093,25, e o faturamento SUS em R$177.204,8, incluindo o faturamento das diárias de UTI. Num cenário ideal em que o tratamento endovascular seria oferecido a 26% da população com AVCi, o custo HCFMB aumentaria para R$1.232.868,16, gerando uma diferença entre o custo do hospital e o que é faturado pelo SUS de - R$1.054.926,20. A variável que mais influenciou no custo foi o número de participantes elegíveis. Discussão e conclusões O custo direto total do tratamento do AVCi agudo na perspectiva do HCFMB em 2019 corrigido pela inflação em 2023 foi 2,3 vezes maior que o faturamento SUS, podendo chegar a proporções maiores, se no faturamento SUS não forem contabilizadas as diárias de UTI. A variável que mais influenciou em todos os custos foi a quantidade de participantes elegíveis para o tratamento endovascular.