Saúde e Sociedade ()

A clínica do corpo sem boca

  • Graciela Soares Fonsêca,
  • Simone Rennó Junqueira,
  • Carlos Botazzo,
  • Yara Maria de Carvalho,
  • Maria Ercilia de Araujo

DOI
https://doi.org/10.1590/s0104-12902016163946
Journal volume & issue
Vol. 25, no. 4
pp. 1039 – 1049

Abstract

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Resumo Este estudo buscou analisar a abordagem do território bucal feita por profissionais e estudantes da área médica durante consultas clínicas em uma Unidade Básica de Saúde, do município de São Paulo, e pode ser classificado como uma pesquisa de abordagem qualitativa, em que os dados foram derivados da observação participante das atividades clínicas de médicos e estudantes de medicina em uma Unidade Básica de Saúde do município de São Paulo. Os dados foram coletados por duas pesquisadoras, ao longo de quatro meses de imersão, e analisados por hermenêutica-dialética. Foi possível compreender a propedêutica clínica na área médica e perceber a centralidade de tecnologias-duras e ‘prescrições’ na abordagem clínica, em detrimento da centralidade do sujeito. Além disso, estudantes de medicina demonstraram desconhecimento da organização do serviço, revelando um descompasso entre formação e trabalho. Nas diferentes clínicas, mesmo quando havia inspeção da cavidade bucal, não houve o estabelecimento de conexões entre achados e sintomas apresentados pelos pacientes. A ‘experienciação’ das clínicas na Unidade Básica revelou a visão centrada no que “sobra do corpo” ao retirar a boca. Ou seja, a desconexão corpo-boca é reforçada também na área médica.

Keywords