Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DO FENÓTIPO RHD FRACO 38 EM DOADOR DE MEDULA ÓSSEA AFRODESCENDENTE COM NEUTROPENIA LEVE ASSOCIADA A MUTAÇÃO GATA: RELATO DE CASO

  • LD Santos,
  • TH Costa,
  • MFM Sirianni,
  • FAA Almeida,
  • MG Aravechia,
  • ML Savioli,
  • JM Kutner,
  • CB Bub

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S624 – S625

Abstract

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Objetivos: Alterações no gene RHD, podem ser detectadas pela variação na intensidade de reações sorológicas com diferentes reagentes anti-Ds e podem estar associadas com alelos RHCE presentes em determinadas etnias. Descrevemos uma variante RHD prevalente em caucasianos, mas que foi identificada em um indivíduo afrodescente apresentando a mutação GATA. Diante da alta miscigenação da população brasileira, protocolos complementares de genotipagem tornam-se ferramentas úteis para a caracterização de raros alelos RHD. Material e métodos: Esse estudo foi realizado na amostra de um indivíduo do sexo masculino, 43 anos, afrodescendente, candidato a doador de medula óssea, que na avaliação inicial apresentou uma leve neutropenia (segmentados: 1.472 uL; Valor de Referência: 1.700 a 8.000 uL). A tipagem RHD foi realizada com dois antissoros anti-D (IgM MS-26/ IgG MS-201, Fresenius Kabi) e com painel de soros comerciais anti-D (ESD1 BioRad; P3X61, P3X290, PX35, PX21223 B10, RUM-1, ESD-1M–Grifols; D175, D415–Immucor®; NaTH119, LOR-15C9 Imunoscan). As fenotipagens eritrocitárias dos Sistemas Rh (C,c,E,e) e Duffy (Fya, Fyb) foram determinadas nas técnicas de Gel (DG Gel Rh Pheno e com antissoros policlonais, Grifols S.A, respectivamente). A genotipagem foi realizada por técnicas de PCR-Multiplex com primers específicos do gene RHD (exons 3, 4, 5, 6, 7 e 9 ), PCR- RFLP para regiões do gene FY (125G>A e -67T>C), técnicas automatizadas utilizando a plataforma Bloodchip (Kit ID CORE XT Grifols S.A.) e sequenciamento Sanger com análise dos 10 exons do gene RHD. Resultados: A tipagem RHD apresentou resultado discrepante entre os dois anti-D nos testes de rotina (Anti-D IgM negativo e IgG fracamente positivo). Os demais antissoros apresentaram reações sorológicas fracas e inconsistentes. Além desse achado, a presença de neutropenia leve no hemograma do doador motivou a investigação dos fenótipos dos Sistemas RH e FY: RH:2,-3,4,5 (Ccee) e FY:-1,-2/Fy(a-b-). O PCR-multiplex detectou todos os éxons do gene RHD. As genotipagens, convencional e automatizada confirmaram o polimorfismo GATA em homozigose (FY*2_67C>C) na região promotora gene FY, e o sequenciamento apontou a troca de um único nucleotídeo (833G>A) no éxon 6 confirmando o alelo RHD*01W.38. Discussão: O fenótipo D fraco tipo 38 está envolvido na aloimunização anti-D, sua prevalência é 1,5% em individuos caucasianos de origem portuguesa e o genótipo GATA é relativamente comum em afrodecendentes. A amplificação dos exons RHD, a associação com o haplótipo RHCE*Ce (frequente em caucasianos) e a mutação GATA, foram fatores que determinaram a análise do DNA desse doador pela técnica do Sequeciamento, uma vez que, protocolos de genotipagem estendidos para as variantes RHD consomem tempo e são de alto custo. Conclusão: A identificação de indivíduos com fenótipos incomuns é importante tanto para fins transfusionais, como para caracterizar frequências populacionais onde a miscigenação é alta, ou em populações onde normalmente elas não seriam pesquisadas. A disponibilidade de técnicas de sequeciamento proporciona resultados mais acertivos e rápidos uma vez que analisam regiões de exons e introns do gene RHD, onde metodologias de PCRs convencionais demorariam mais ou até mesmo, mostrariam-se inconclusivas.