Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Feb 2012)
Soroepidemiologia da toxoplasmose em gestantes a partir da implantação do Programa de Vigilância da Toxoplasmose Adquirida e Congênita em municípios da região oeste do Paraná Seroepidemiology of toxoplasmosis in pregnant women since the implementation of the Surveillance Program of Toxoplasmosis Acquired in Pregnancy and Congenital in the western region of Paraná, Brazil
Abstract
OBJETIVO: Avaliar a suscetibilidade das gestantes à toxoplasmose em serviço público de saúde de dois municípios da região oeste do Paraná. MÉTODOS: Foram avaliadas 422 gestantes por meio da pesquisa sorológica de anticorpos IgG e IgM anti-Toxoplasma gondii (ELISA e MEIA). As soronegativas repetiram a sorologia no segundo e terceiro trimestre de gestação. Em um dos municípios, também foi realizada a triagem neonatal em 27 recém-nascidos para detecção de IgM anti-Toxoplasma gondii pelo teste de fluorometria. Todas as gestantes responderam a um questionário epidemiológico, para análise dos fatores associados ao risco da infecção pelo Toxoplasma gondii. Para análise estatística, foram consideradas a variável dependente da presença de IgG anti-Toxoplasma gondii e as variáveis independentes contidas no questionário epidemiológico. RESULTADOS: A prevalência de anticorpos IgG anti-Toxoplasma gondii nas gestantes foi de 59,8 e 60,6%. Em um dos municípios, as variáveis associadas à presença de anticorpos IgG foram baixo nível de escolaridade e mais de uma gestação. Não houve associação com os outros fatores investigados, como a ingestão de carnes cruas ou mal cozidas, vegetais crus, salames coloniais, manipulação de terra ou areia, horta em casa e gatos em casa. No outro município, não foi observada associação estatística com nenhuma das variáveis estudadas. Não foi confirmado nenhum caso de infecção aguda nem de soroconversão em ambos os municípios. Nenhuns dos recém-nascidos avaliados apresentou positividade para toxoplasmose. CONCLUSÃO: A toxoplasmose é comum nas gestantes atendidas pelo serviço público de saúde da região estudada e há 40% delas suscetíveis à infecção. Esse dado reforça a necessidade de manter o programa implantado nesses municípios.PURPOSE: To evaluate the susceptibility to toxoplasmosis in pregnant women in the public health service from two cities in the western region of Paraná, Brazil. METHODS: Four thousand twenty-two pregnant women were evaluated for anti-Toxoplasma gondii IgG and IgM by ELISA and MEIA. Seronegative pregnant women repeated the serology in the second and third trimester of pregnancy. Neonatal screening of 27 newborns was also performed in one of the cities to detect IgM anti- Toxoplasma gondii by fluorometry. All pregnant women answered an epidemiological questionnaire to analyze the factors associated with the risk of infection by Toxoplasma gondii. For statistical analysis, the presence of IgG anti-Toxoplasma gondii was considered as the dependent variable and the variables contained in the epidemiological questionnaire as the independent ones. RESULTS: The prevalence of anti-Toxoplasma gondii IgG in pregnant women was 59.8 and 60.6%. In one of the cities, the variables associated with the presence of IgG antibodies were low educational level and more than one pregnancy. There was no association with other factors studied such as consumption of raw or undercooked meat, consumption of raw vegetables, consumption of colonial salami, handling soil or sand, the presence of a home vegetable garden and cats in the household. In the other city there was no statistical association with the variables studied. No case of acute infection and no seroconversion were confirmed in either city. None of the infants evaluated were positive for toxoplasmosis. CONCLUSION: Toxoplasmosis is common in pregnant women attended by the public health service in the region studied and 40% of them are susceptible to the infection. These data reinforce the need to keep the screening program in these cities.
Keywords