Psicologia em Estudo (Dec 2001)

A interface psicologia social e saúde: perspectivas e desafios The interface social psychology and health: perspectives and challenges

  • Martha Traverso-Yépez

DOI
https://doi.org/10.1590/S1413-73722001000200007
Journal volume & issue
Vol. 6, no. 2
pp. 49 – 56

Abstract

Read online

Esse trabalho constitui uma reflexão sobre as práticas de saúde e as dificuldades da psicologia de se inserir como campo interdisciplinar de intervenção nessa área. Apesar de muito se falar do modelo biopsicossocial, observa-se que se continua privilegiando a etiologia biologicista, a concepção fragmentada de saúde e o caráter impositivo e normatizador da visão positivista de ciência, esquecendo-se a relevância dos aspectos sociais, psicológicos e ecológicos como mediadores dos processos saúde-doença. O modelo biomédico mostra-se totalmente funcional para as necessidades do sistema socioeconômico vigente, condicionando uma visão individualista, fragmentada e descontextualizada dos comportamentos humanos relacionados à saúde e à doença, pelo que se sugere um permanente processo de deconstrução sobre as formas vigentes de fazer ciência nessa área. Isso implica uma revisão crítica do desenvolvimento dos processos de significação relacionados com a saúde-doença e com a formação profissional, bem como da própria estruturação da saúde pública e dos modelos assistenciais implementados ao longo de sua história, implícita ou explicitamente dirigida para a população carente. Pressupõe, ainda, uma posição de permanente autocrítica voltada a nossa participação nesses processos, como profissionais.The aim of this paper is, first, to research ideas, values and discourses mediating the health practices and the biomedical model of health, and, second, to investigate the difficulties Psychology has had for being considered an intervention approach in this area, from a critical psychosocial perspective. Although the bio-psychosocial model has been widely mentioned during the last decades, the practice in this field has privileged a biological aetiology, a fragmented conception of health and the enforcing and normalizing features from the positivist conception of science. The relevance of social, psychological and ecological aspects mediating the health-illness process is generally forgotten. The main issue is that the biomedical model continues to be accepted by the socio economical system, conditioning a fragmented, individualistic and de-contextualised conception of behaviours and actions related to health and illness. Thus it is necessary a permanent deconstructing process about the actual way of dealing with science in this area. This implies a critical revision of the development of the meaning process related with health and illness, the training of health professionals, as well as the public health structure and the assistance models implemented historically, implicitly or explicitly, addressed to the poor people. This also presupposes a permanent self-critical position in relation to our participation in these processes as professionals.

Keywords