Revista Espaço (Dec 2016)

Desenvolvimento de objetos de aprendizagem para alfabetização de crianças surdas: Novas tecnologias e práticas pedagógicas

  • Janaina Cabello

DOI
https://doi.org/10.20395/re.v0i46.336
Journal volume & issue
Vol. 0, no. 46

Abstract

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Esta pesquisa busca descrever as experiências vivenciadas por Surdos sinalizadores na sua interação com um recurso digital, desenvolvido a partir de um software livre. Haja vista a singularidade linguística de alunos Surdos sinalizadores, cuja Língua Brasileira de Sinais (Libras) é oficialmente reconhecida como primeira língua através da Lei nº 10.436/2002 e do Decreto nº 5.626/2005 e pela consequente complexidade na apropriação da língua portuguesa escrita por esses alunos (que ocorrerá como segunda língua, considerando-se que a Libras (L1) é uma língua na modalidade visuogestual e a língua portuguesa (L2) é oral-auditiva), foi desenvolvido um objeto de aprendizagem (OA), entendido como um recurso digital que pode ser reutilizado como apoio à aprendizagem. Os pressupostos teóricos norteadores deste trabalho foram a perspectiva Bilíngue na educação de Surdos e os estudos nas perspectivas interlocutiva e histórico-cultural. O trabalho discute sobre as possibilidades/potencialidades das tecnologias digitais no cenário educacional partindo da análise contrastiva da interação de um grupo de crianças Surdas em fase de alfabetização com o OA desenvolvido, considerando ainda as percepções e análises de um professor Surdo frente à tecnologia proposta. As análises apontam que, mesmo com as potencialidades das mídias digitais para o ensino na língua portuguesa escrita para crianças Surdas, existe uma tendência para que os recursos digitais sejam apropriados por professores e alunos do mesmo modo como os recursos impressos, não sendo explorados quanto às suas possibilidades de outros fazeres. O trabalho aponta ainda para uma aparente didatização dos recursos imagéticos/multimidiáticos no contexto escolar, mesmo quando tais recursos poderiam oportunizar outros modos de apropriação da escrita que não os já canonizados por práticas pedagógicas vigentes. Discute-se ainda sobre a necessidade da participação dos sujeitos Surdos (professores e alunos) no desenvolvimento das arquiteturas pedagógicas de artefatos digitais para o apoio à alfabetização de crianças Surdas em língua portuguesa, salientando-se a necessidade e possibilidades de novos trabalhos nesse sentido.