Revista da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (Dec 2011)

DOENÇA DE HANSEN E GRAVIDEZ

  • Ana Furtado Lima,
  • Carla Francisco,
  • Neuza Mendes,
  • Cristina Guerreiro,
  • Raquel Vieira,
  • Ana Campos

DOI
https://doi.org/10.29021/spdv.69.4.55
Journal volume & issue
Vol. 69, no. 4

Abstract

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A Doença de Hansen é uma doença infecciosa causada pelo microrganismo Mycobacterium leprae. No passado, a gravidade da apresentação desta doença e a inexistência de terapêutica adequada, levou à estigmatiza- ção destes doentes. Felizmente, a forma com se olha esta patologia melhorou nas últimas décadas graças à terapêu- tica múltipla que agora temos ao nosso dispor. Com o fenómeno da imigração de regiões do globo onde esta doença ainda tem uma prevalência significativa, assis- timos ao surgimento de novos casos de Lepra em Portugal, nomeadamente em mulheres em idade fértil. A doença de Hansen na gravidez coloca questões quer no que respeita às consequências da terapêutica (durante a gravidez e amamentação), quer no que se refere ao momento do parto. A gravidez causa uma diminuição relativa da imunidade celular, o que permite a proliferação do bacilo com possível agravamento da doença. A escolha dos fármacos adequados impede a lesão nervosa permanente. Relatam-se três casos seguidos na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, em conjunto com o serviço de Dermatologia do Hospital Curry Cabral, que pretendem ilustrar a vigilância da gravidez nestas situações. Em todos eles as grávidas foram medicadas com rifampicina e clofazimina. Esta reflexão sobre Gravidez e Lepra visa desmistificar a patologia e sublinhar a importância do seguimento multidis- ciplinar destas gestações. PALAVRAS-CHAVE – Gravidez; Clofazimina; Rifampicina; Lepra.