Revista Polis e Psique (Jul 2019)
Sigilo na atenção em DST/AIDS: do consultório aos processos organizacionais
Abstract
O sigilo integra o cuidado em saúde para proteger as pessoas com HIV/Aids, ou “sob suspeita”, do estigma/discriminação. A partir de observações etnográficas buscou-se compreender sentidos e práticas envolvendo sigilo e privacidade em um serviço especializado em DST/Aids, num município pequeno, no Estado de Mato Grosso do Sul. A análise, de cunho construcionista social, de episódios e conversações evidenciou a valorização do sigilo no plano discursivo, mas em razão de limites tênues entre privacidade e sociabilidade em municípios interioranos “quebras de sigilo” eram práticas sociais naturalizadas, não intencionais, tampouco reconhecidas como falhas técnicas/éticas. A análise revelou que fluxos e processos de trabalho violavam a privacidade de usuários. O sentido de manter sigilo, era, predominantemente, o de não revelar a soropositividade dos pacientes; não se associava aos modos de organização do trabalho. Acreditamos que ao problematizarem os sentidos e implicações locais de suas práticas, as equipes podem construir novas práticas e realidades institucionais adensadas pelos referenciais do Cuidado, Humanização e Atenção Psicossocial
Keywords