Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (Jul 2019)

Doença Celíaca, Gastrite Atrófica Autoimune e Helicobacter pylori na Anemia Refratária ao Ferro Oral

  • Ana Carolina Teixeira,
  • Hugo Ribeiro,
  • Helena Moreno,
  • Cláudio Martins,
  • Sandra Magano Silva,
  • Alexandra Rafael,
  • Daniel Canelas,
  • Margarida Badior,
  • Teresa Melo,
  • Henrique Coelho

DOI
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v35i3.12295
Journal volume & issue
Vol. 35, no. 3

Abstract

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Objetivos: Identificar o número de casos positivos para doença celíaca (DC), gastrite atrófica autoimune (GAAI) e infeção por Helicobacter pylori (Hp) em doentes com anemia ferropénica refratária ao ferro oral (ARF). Tipo de estudo: observacional longitudinal retrospetivo. Local: Serviço de Hematologia do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho População: Doentes observados em primeira consulta por ARF entre 2011 e 2016. Métodos: Recolha de dados através do processo clínico eletrónico (dados sociodemográficos, origem do pedido de consulta e dos métodos complementares de diagnóstico). Análise descritiva realizada no programa Microsoft Excel 2016®. Resultados: Identificaram-se 48 casos de ARF (9,3% das anemias ferropénicas), dos quais metade efetuou rastreio completo com pesquisa de DC, GAAI e infeção por Hp, 19 doentes realizaram apenas para uma ou duas das entidades do estudo e 5 doentes não fizeram este rastreio. Em termos globais, e considerando apenas aqueles que fizeram despiste de pelo menos uma das entidades clínicas do estudo (n=43) verifica-se que a prevalência de DC foi de aproximadamente 4,7%, de GAAI de 14% e a infeção por Hp de 30,2%. Foi impossível avaliar a resposta à erradicação com Hp, uma vez que dos 13 casos identificados esta foi desconhecida em 6 casos. Dos 7 casos conhecidos, o efeito da erradicação do Hp sobre a anemia foi resolutivo em apenas um doente. Conclusão: Os nossos resultados identificaram numa elevada percentagem de doentes com ARF a existência de GAAI e infecção por HP, o que está de acordo com o referido em estudos internacionais, reforçando o papel destas entidades no desenvolvimento da ARF na população portuguesa. Este estudo reforça a importância do despiste da doença celíaca, gastrite atrófica autoimune e infeção por Helicobacter pylori nos casos de ARF.