Forma, função ou sentido? Uma reflexão sobre a classificação dos vocábulos nas gramáticas normativas
Abstract
A classificação das palavras pelas gramáticas normativas, por vezes, não é baseada em critérios claros e uniformes. Algumas, ora tomam por base o caráter mórfico, ora o caráter funcional do vocábulo no sintagma para classificá-lo. Essa confusão pode dificultar a aprendizagem dos alunos sobre a estrutura da língua, além não descrever/prescrever, de forma coerente, uma norma padrão. Destarte, este trabalho teve o intuito de analisar que critérios são utilizados por Bechara (2009) e Cunha (2012) para classificar as palavras em suas respectivas gramáticas normativas, a partir dos critérios apontados por Macambira (1974) e por Mattoso Camara (1970). Como resultado percebeu-se que não é estabelecida uma clara hierarquia quanto aos critérios de classificação, que ora pode ser o mórfico, ora o semântico e ora o funcional. Desta forma, algumas incoerências e confusões podem surgir no pensamento dos alunos durante a aprendizagem quando, por exemplo, se deparam com a classificação dos advérbios como nominais e pronominais, ou quando se deparam com a classificação dos pronomes como substantivos e adjetivos. Ademais, também se levanta o questionamento sobre a possibilidade de os critérios apontados pelos autores não serem suficientes para dar conta de uma classificação eficiente de todos os vocábulos, ressaltando a contribuição das novas teorias pragmático-discursivas para entender as lacunas deixadas pelas teorias anteriores.
Keywords