Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

LINFOMA FOLICULAR DUODENAL EM MULHER JOVEM: RELATO DE CASO

  • PC Gontijo,
  • ACDNAE Braga,
  • EFS Santos,
  • GS Costa,
  • GBF Maia,
  • JGV Maurício

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S351 – S352

Abstract

Read online

Introdução: O linfoma duodenal folicular (LDF) é uma neoplasia rara que acomete a primeira porção do intestino delgado. Embora seja mais comum em pacientes idosos, a ocorrência em pacientes jovens tem sido relatada com maior frequência nos últimos anos. Nessa população, a doença apresenta características clínicas e histopatológicas distintas em comparação às observadas em idosos, o que ressalta a importância do reconhecimento precoce e do tratamento adequado. Dessa forma, o diagnóstico requer exames como endoscopia digestiva alta e tomografia computadorizada, além de biópsia do tecido afetado. Embora os linfomas duodenais em geral sejam considerados tumores de células B, a incidência de linfomas T em pacientes jovens tem sido mais frequentemente observada, o que intensifica a importância do relato. Objetivo: Relatar caso de paciente com Linfoma Folicular Duodenal - neoplasia de baixa incidência e prevalência. Relato de caso: Paciente feminino, 37 anos, com queixa de hematoquezia e desconforto abdominal há 9 meses. Realizados exames para investigação com coloproctologista e gastrologista durante 6 meses. Na colonoscopia, foi evidenciado um pólipo de 4 cm no cólon descendente, descrito como adenomatoso tubuloacinoso de alto grau de displasia. Já na endoscopia, relatou-se um resultado de pangastrite crônica, com H. pylori positivo e lesões duodenais polipoides. Foi realizada antibioticoterapia por 21 dias de e 30 dias de Lansoprazol. Sem melhora dos sintomas, a paciente repetiu a endoscopia, evidenciando um aumento da lesão. Realizou-se uma biópsia que revelou lesões infiltradas na mucosa e submucosa, com células polinucleares e sem citoplasma. Para confirmação do diagnóstico de linfoma, foi realizado um estudo imunohistoquímico, evidenciando ser um LDF.A paciente realizou exames de pet scan e punção de medula óssea para mielograma, com resultados inalterados. Iniciou-se dia 17/04/2023 o tratamento com quimioterapia “CHOP-R”, dividida em 6 ciclos a cada 21 dias. A paciente está atualmente em observação, realizando exames de sangue para controle da doença. Discussão: Acredita-se que o LDF surja das células B do centro germinativo. Múltiplos eventos genéticos são necessários para o desenvolvimento de LDF, uma vez que a translocação pode ser identificada em um pequeno subconjunto de células B em tecidos linfoides reativos e sangue periférico em uma fração de indivíduos normais, poucos dos quais desenvolvem LDF.A maioria dos casos de LDF são assintomáticos e ao apresentar sintomas, são inespecíficos, o que está relacionado à dificuldade de diagnóstico e em pacientes jovens, a apresentação clínica pode apresentar dor abdominal e perda de peso, até manifestações obstrutivas, como obstrução intestinal ou sangramento gastrointestinal. Um dos desafios da patologia descrita é o diagnóstico impreciso, que, por envolver sintomas inespecíficos, baixa suspeita clínica, dificuldade na obtenção de amostras adequadas para biópsia, similaridade com outras condições e a reduzida sensibilidade dos exames de imagem, a identificação precoce é desafiadora. A avaliação diagnóstica de um linfoma suspeito pode incluir tomografia computadorizada com contraste, tomografia por emissão de pósitrons, radiografia com contraste, endoscopia convencional e cápsula endoscópica. Conclusão: O relato descreve uma paciente de 37 anos com LDF, destacando a importância do reconhecimento precoce e do tratamento adequado. A apresentação clínica e histopatológica do LDF em pacientes jovens difere dos casos em idosos, ressaltando a necessidade de considerar o diagnóstico em pacientes abaixo da faixa etária habitual com sintomas gastrointestinais. Esse relato contribui para a compreensão clínica do LDF em pacientes jovens e destaca a importância do diagnóstico precoce e tratamento personalizado.