Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

DENGUE TRANSFUSIONAL: UM RELATO DE CASO

  • CR Cohen,
  • RE Boehm,
  • F Bonacina,
  • J Farinon,
  • AM Rosa,
  • M Sosnoski,
  • L Sekine

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S891

Abstract

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Introdução: Dengue é a arbovirose mais prevalente do mundo, sendo o Brasil, o país com maior número de registros. Destes, aproximadamente 50% dos infectados são assintomáticos ou tem sintomas leves e podem não ser diagnosticados. Este dado é especialmente relevante para os serviços de Hemoterapia, pois muitos doadores podem não apresentar sintomas ao realizar a doação de sangue. Além disso, os quatro sorotipos virais da dengue mantêm a capacidade infectante nos hemocomponentes durante o armazenamento e a testagem de dengue não é obrigatória nos exames de qualificação da doação de sangue. Desta forma, a dengue é uma doença passível de transmissão por transfusão sanguínea, o que já foi evidenciado em alguns locais do Brasil e do mundo. Objetivo: relatar um caso de transmissão transfusional de dengue. Descrição do caso: Um doador realizou a doação de sangue total espontânea no dia 21/02/24. Os exames de triagem sorológica foram realizados e apresentaram-se não reagentes e desta forma os hemocomponentes foram liberados no dia seguinte. No dia 23/02 o concentrado de plaquetas (CP) proveniente desta doação foi transfundido em um paciente que apresentava a leucemia mieloide crônica, como doença de base, e se encontrava internado no HCPA desde 05/02/24. No dia 22/02 o doador iniciou com sintomas e em 24/02 realizou teste de antígeno NS1 (MedTest) que resultou positivo para dengue. O doador teve piora dos sintomas e foi internado no dia 26/02, momento em que entrou em contato com o Serviço de Hemoterapia e relatou o diagnóstico de dengue. A partir da informação do doador, os hemocomponentes em estoque foram descartados e a equipe assistente do paciente foi contatada. Foi realizado teste de antígeno NS1 na amostra do paciente que resultou positivo para dengue. O mesmo teste foi realizado na amostra da soroteca do doador - amostra de sangue armazenada no momento da doação - e resultou negativa. A mesma amostra foi utilizada para teste de biologia molecular RT-PCR [BIOMOL ZDC (IBMP)] que resultou na presença do vírus da dengue do sorotipo 1 (ct 25). Conclusão: Ficou evidenciado que o paciente WJJ contraiu dengue pela transfusão do CP que apresentava alta viremia, no entanto não foi evidenciado no paciente sintomas da doença. No momento da doação a infecção estava no período de janela imunológica, não sendo possível evidenciar a presença de positividade no teste de antígeno NS1. Considerando que a dengue será cada vez mais prevalente no Rio Grande do Sul, especialmente após as enchentes que devastaram nosso estado, novos testes ou abordagens devem ser implementados para dirimir a possibilidade de dengue transfusional.