Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

LEUCEMIAS AGUDAS RARAS: LEUCEMIA DE FENÓTICO MISTO

  • MFC Hoffmann,
  • MP Beltrame,
  • F Fava,
  • JVB Siqueira,
  • CO Pereira,
  • GC Sanches,
  • TT Barros,
  • ALG Lima,
  • RC Coelho,
  • MAD Pianovski

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S598

Abstract

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Introdução/objetivo: A Leucemia de Linhagem Ambigua (LLAM) é um evento raro (< 4% das leucemias), e é dividida em: Leucemia Aguda de Fenótipo Misto, Leucemia Aguda Bilinhagem e Leucemia Aguda Indiferenciada. A sobrevida dos pacientes é inferior em relação à outras leucemias agudas. O exame de Citometria de Fluxo (CF) é fundamental no diagnóstico, com critérios bem definidos da OMS para diagnóstico. Os marcadores fundamentais para definição de linhagem são: MPO ou diferenciação monocítica para linhagem mieloide (esterase não específica, CD11c, CD14, CD64, lisozima), CD3 citoplasma ou superfície para linhagem T e associação de CD19 com CD79a, CD22 citoplasmático e CD10 para linhagem B. Iremos descrever relato do diagnóstico clínico e imunofenotípico de um paciente com diagnóstico de LAFM Resultado: Pte sexo masculino, 13 anos, previamente hígido. História de 2 meses com quadro febril intermitente. Coletou hemograma: H 3,9 g/dL Leucócitos 32.040 mm3 34% blastos Plaquetas 4.000 mm3 LDH 574 U/L. Ao exame físico: importante esplenomegalia e linfonodomegalias cervicais. Foi submetido a avalição de medula óssea. Mielograma: sem definição morfológica de linhagem. CF: 46,2% de blastos linfoides T. Fenótipo: CD3+/++, MPO e CD79a negativos, TdT (nuclear) negativo. CD2, CD7, CD13, CD15 (60,6%), CD34, CD45, CD45RA, CD99, CD117, CD123 (28,2%) positivos e CD1a, CD3, CD4, CD5, CD8, CD10, CD11c, CD14, CD16, CD19, CD33, CD44, CD56, CD66c, CD64, CD73/CD304, IREM-2, NG2 (proteína 7,1), TCRab, TCRgd negativos. 24,7% linhagem monocíticas. MPO (28,4%); CD3 e CD79a negativos. TdT (nuclear) negativo. CD2, CD8 (20,0%), CD11c, CD13, CD15 (42,5%), CD14 (72,3%), CD16 (49,0%), CD33, CD44, CD45, CD45RA, CD99, CD123, HLA-DR (66,0%), IREM-2 (79,5%) positivos e CD3, CD4, CD5, CD7, CD1a, CD10, CD19, CD34, CD56, CD66c, CD73/CD304, CD117, NG2 (proteína 7,1), TCRab, TCRgd negativos. Fenótipo compatível com Leucemia Aguda de Linhagem Ambígua/Fenótipo Misto Linfoide T/Mieloide. Citogenética: 46,XY,add(1)(q36),add(6)(q27)/46,XY. Biologia molecular: PCR BCR-ABL, ETV6-RUNX1, KMT2A-AFF1, TCF3-PBX1 Negativos. Iniciou tratamento para LLA-ETP (GBTLI 2021). Durante a indução, apresentou aspergilose fúngica disseminada, com lesões pulmonares, em parênquima cerebral, trombo arterial em perna e trombo intra-cardíaco. Paciente foi submetido a toracotomia aberta para ressecção de trombo e apresentou bom controle da disseminação fúngica com voriconazol. Devido ao quadro infeccioso houve atraso importante nas quimioterapias da indução, entretanto a DRM do D19 e do D49 foram negativas. Atualmente em remissão, segue quimioterapia. Discussão: O diagnóstico de LLAM requer uma ampla avaliação de marcadores pela CF, com atenção aos critérios da classificação da OMS para que o diagnóstico seja correto. A presença de CD3 citoplasmático com CD13, CD 34 e CD117, confirmaram a etiologia de ETP nos blastos linfoides, com clara diferenciação monocítica nos blastos mieloides. Em relação ao tratamento da LFM, não há nenhum estudo prospectivo que defina a melhor abordagem, entretanto é observado um aumento da remissão quando utilizados protocolos para LLA. A indicação de TCTH deve ser individualizada. Conclusão: O diagnóstico das LLAM deve ser feito com cautela e o tratamento deve ser direcionado para cada paciente, avaliando os marcadores positivos e a resposta ao tratamento. Novos estudos são necessários para definir protocolos mais específicos.