Brazilian Journal of Veterinary Medicine (Dec 2016)

Revisão: Produção de β-lactamases do Tipo AmpC em Enterobacteriaceae

  • Gabrielli S. Santiago,
  • Cássia C. da Motta,
  • Greiciane F. Bronzato,
  • Daniela Gonçalves,
  • Miliane M. Soares de Souza,
  • Irene da Silva Coelho,
  • Helena Neto Ferreira,
  • Shana de Mattos de Oliveira Coelho

Journal volume & issue
Vol. 38, no. Supl. 3
pp. 17 – 30

Abstract

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β-lactameses do tipo AmpC são importantes enzimas produzidas de forma constitutiva ou induzida, através da expressão de genes cromossomais ou plasmidiais, por membros da família Enterobacteriaceae e outras Gram negativas. Sua importância clínica reside no fato de que isolados produtores deste tipo de β-lactamase hidrolisam a maioria dos antimicrobianos β-lactâmicos, incluindo cefalosporinas, cefamicinas, penicilinas e as combinações com inibidores de β-lactamases (ESBL), limitando as opções terapêuticas para tratamento de infecções causadas por estas bactérias. Para agravar este cenário, as mutações que causam alterações nas sequências de aminoácidos, consequentemente modificam a estrutura enzimática, o que promove o surgimento de AmpC de espectro entendido (ESAC) que é capaz de hidrolisar cefalosporinas de quarta geração e carbapenêmicos, e que já foi detectada em rebanho bovino. Pequenas diferenças na sequência de aminoácidos deram origem às famílias e tipos de AmpC, sendo CMY2 prevalente em isolados oriundos de animais de companhia e de produção em todos os continentes. Presença de AmpC está frequentemente associada à multirresistência, uma vez que genes de resistência às mais variadas classes de antimicrobianos, por exemplo aminoglicosídeos, quinolonas, sulfonamidas e tetraciclinas, além de genes codificadores de outras β-lactamases, podem estar presentes em um mesmo plasmídeo. O número de agentes antimicrobianos seguramente efetivos contra esses isolados é limitado e muitos deles não estão disponíveis ou não são aprovados para uso animal. Diferentes métodos de detecção estão disponíveis, no entanto a ausência de padronização internacional tem limitado a notificação de AmpC pelos laboratórios clínicos, o que pode subestimar este mecanismo de resistência.