Journal of Cardiac Arrhythmias (Oct 1994)
A induçao de fibrilaçao atrial nao sustentada pré-implante constitui-se em critério para a nao utilizaçao da estimulaçao atrial definitiva?
Abstract
Este trabalho visa correlacionar a incidência de fibrilaçao atrial (FA) com os critérios para escolha do modo de estimulaçao cardíaca definitiva. Foi realizado um estudo prospectivo de 44 pacientes consecutivos, submetidos a implante de marcapasso com a estimulaçao atrial definitiva (EAD). As indicaçoes para o implante foram: disfunçao do nó sinusal em 20 pacientes, BAV 3º grau em 11 pacientes, BAV de 2º grau em 7 pacientes, taquicardia paroxística supra-ventricular em 3 pacientes, hipersensibilidade do seio carotídeo em 2 pacientes e síncope vaso-vagal em 1 paciente. O modo de estimulaçao utilizado foi AAI (47,7%) e DDD (48,7%) e, em todos os casos, a estimulaçao foi feita com cabo-eletrodo de fixaçao ativa. O tempo médio de seguimento foi de 47,8 meses. Antes do implante do marcapasso os pacientes foram submetidos a testes de avaliaçao do sistema juncional AV (determinaçao do ponto de Wenckebach) e estabilidade atrial, com estimulaçao atrial transesofágica ou intra-cavitária, sendo selecionados para implante com EAD apenas apacientes que apresentaram fibrilaçao atrial nao sustentada (FANS) ou átrio estável. Dos 44 pacientes estudados, 4 apresentaram FANS durante os testes. Destes, 1 paciente desenvolveu FA crônica, tornando desnecessária a EAD, e outro apresentou episódios repetidos de FA, revertidos ao ritmo sinusal com amiodarona. Os outros 2 pacientes ainda estao em seguimento sem apresentar fibrilaçao atrial. Considerase que: 1 - o marcapasso com EAD associa-se a uma baixa incidência de FA no pós-operatório; 2 - a necessidade de alterar o modo de estimulaçao é mínima quando sao observados os resultados dos testes pré-operatórios; 3 - a induçao da FANS no pré-operatório parece indicar que o paciente irá desenvolver FA durante a evoluçao, o que nao impede que se proceda a EAD, mesmo que por um período de tempo limitado.