Aletria: Revista de Estudos de Literatura (Aug 2013)

E uma rosa se abre: a guerra e a flor na poesia de Drummond

  • Valéria Daiane Soares Rodrigues,
  • Ivana Ferrante Rebello

DOI
https://doi.org/10.17851/2317-2096.23.2.129-136
Journal volume & issue
Vol. 23, no. 2
pp. 129 – 136

Abstract

Read online

Carlos Drummond de Andrade, em A Rosa do Povo (1945) articula, por meio da palavra e da criação de um “eu” lírico habitante de um mundo em guerra, a construção de uma imagem, imbuída de teor histórico, do Brasil dos anos finais da 2ª guerra mundial. Os versos traduzem a experiência do Drummond gauche, angustiado pelos problemas do seu tempo, em que a individualidade advinda da fragmentação do homem moderno é marca do conflito entre o “eu” lírico e o mundo. O poeta descreve de forma melancólica a degeneração das coisas e dos homens, em meio à consciência paralisante e a falta de perspectivas. A força que emerge do símbolo da rosa respalda o acento poético do Itabirano: a destruição dos valores provocados pela morte e pelo derramar de sangue contrasta com o brotar da flor no asfalto. Do chão forrado de cadáveres, emerge uma rosa, numa representação da resistência humana.

Keywords