Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)
IMPORTÂNCIA DA ELASTOGRAFIA HEPÁTICA TRANSITÓRIA NA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA EM PESSOAS VIVENDO COM HIV (PVHIV) EM USO DE TERAPIA ANTIRRETROVIRAL, ACOMPANHADOS EM UM SERVIÇO PÚBLICO DE SÃO PAULO
Abstract
Introdução: Com a atual terapia antirretroviral (TARV), a mortalidade de pacientes HIV por todas as causas é baixa. Entretanto, complicações relacionadas ao fígado continuam sendo uma das principais causas de mortalidade. A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) - cada vez mais reconhecida como um fator etiológico no desenvolvimento da doença hepática. A Elastografia Hepática Transitória (EHT) método não invasivo, seguro, reprodutível e com boa acurácia, na avaliação de fibrose hepática por ondas elásticas de cisalhamento (50Hz) e ultrassons de baixa frequência, realizada com o sistema FibroScan® (Echosens, França). A velocidade da onda de cisalhamento, expressa em kilopascal (kPa), está diretamente relacionada com a rigidez do tecido. O aparelho permite detectar e quantificar a esteatose hepática através de um programa, Controlled Attenuation Parameter (CAP). Os resultados do CAP em decibéis por metro (dB/m), variam de 100 a 400, relacionados à quantidade de gordura no fígado. Objetivo: Determinar a prevalência da DHGNA em pacientes HIV positivo em uso de terapia antirretroviral. Métodos: Estudo transversal e descritivo, com pacientes do Ambulatório de Hepatites Virais do CRT DST/Aids de São Paulo, entre janeiro de 2019 a março de 2020, indivíduos etilista e coinfecção pelos vírus das hepatites B e C foram excluídos. Dados demográficos, presença de comorbidades, histórico do uso de antirretrovirais foram coletados dos prontuários médicos eletrônicos. Todos os pacientes foram submetidos a EHT. Resultados: Dos 149 pacientes HIV positivos submetidos à avaliação por EHT, foram selecionados 44 pacientes (29,5%) que preenchiam os critérios de seleção, sendo 40 (90,9%) do sexo masculino, idade média (52,9 anos). Diabetes Mellitus (48,4%), Dislipidemia (18%) e Hipertensão arterial (28%). 14 (31,8%) em uso de TARV há mais de 10 anos: INTR (64%); INNTR (42%), IP (50%); I Integrase (50%) e I fusão (14%). A fibrose avançada (F3-F4) presente em 6 pacientes (15,9%) e esteatose Grau II/III em 18 pacientes (25,6%). Conclusão: A incidência da esteatose moderada/severa em pacientes HIV positivos monoinfectados e em uso de TARV foi de 25,6%. Observamos também neste estudo a incidência da fibrose avançada em 15,9% dos pacientes. A utilização de um método não invasivo por ultrassom permite conhecer as características e o comportamento atual da DHGNA em PVHIV e nos permite qualificar o manejo em relação ao diagnóstico e tratamento desta doença.