Diálogos (Jun 2019)

Literaturas de fronteira: companheiros (d)e viagens à URSS no Brasil contemporâneo (1940-1960)

  • Ana Paula Palamartchuk

DOI
https://doi.org/10.4025/dialogos.v23i2.46183
Journal volume & issue
Vol. 23, no. 2

Abstract

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No cenário literário brasileiro do início da década de 1950, chama a atenção a publicação quase simultânea de O mundo da paz (1952) e Os subterrâneos da liberdade (1954) de Jorge Amado, e Viagem (1954) e Memórias do cárcere (1954) de Graciliano Ramos. Romancistas brasileiros já consagrados pela crítica e pelo público, ambos revelam nessas publicações a radicalidade com a qual se identificam com o comunismo e com a experiência soviética. Ao mesmo tempo, os relatos de viagem e os livros de memória, se vistos em conjunto, evidenciam a presença de duas tradições narrativas: a literária propriamente dita e a do engajamento político dos intelectuais. Assim, o que se pretende aqui é apresentar como essas duas tradições aparecem na obra dos dois escritores, em especial, em seus relatos de viagem à URSS. Do ponto de vista da militância política e dos recursos literários, ambos escritores se utilizaram, nesses títulos, do “gênero de fronteira” para partilhar com seus leitores algum tipo de comprometimento com a história da política nacional recente, com o comunismo e para avalizar a experiência soviética.

Keywords