Revista de Saúde Pública (Aug 2011)
Validade do padrão de higiene bucal de crianças aos cinco anos de idade relatado pelas mães Validación del patrón de higiene bucal de niños de cinco años de edad relatado por las madres Validity of 5-year-old children's oral hygiene pattern referred by mothers
Abstract
OBJETIVO: Determinar a validade de perguntas freqüentemente utilizadas em estudos epidemiológicos sobre higiene bucal de crianças e compará-la segundo renda familiar e escolaridade da mãe. MÉTODOS: Foram analisadas 1.122 crianças participantes do subestudo de saúde bucal de 2009 da Coorte de Nascimentos de Pelotas, RS, 2004. As crianças foram examinadas e suas mães entrevistadas no domicílio. O padrão-ouro da condição de higiene bucal foi avaliado por meio do Índice de Higiene Oral Simplificado e a partir do seu escore total o desfecho foi dicotomizado em: placa dental ausente (escore total = 0) e presente (escore total ≥ 1). As perguntas testadas sobre o padrão de higiene bucal das crianças foram formuladas às mães e incluíram: freqüência diária de escovação, escovação antes de dormir e a combinação dessas duas (higiene bucal), com suas opções de resposta dicotomizadas em regular e irregular. A validade foi determinada por meio do cálculo dos valores percentuais e respectivos intervalos de 95% de confiança de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo. RESULTADOS: A prevalência de placa dental foi 37,0%. Os valores de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo foram, respectivamente: 29,6%, 82,5%, 49,8% e 66,6%, para freqüência de escovação diária irregular; 41,8%, 64,6%, 40,9% e 65,5%, para escovação antes de dormir irregular; 48,8%, 60,8%, 42,2% e 67,0%, para higiene bucal irregular. A validade do padrão de higiene bucal variou conforme o nível de renda familiar e a escolaridade da mãe, e a sensibilidade e o valor preditivo positivo foram maiores entre os indivíduos com menor renda familiar e com mães menos escolarizadas e o oposto, para a especificidade e o valor preditivo negativo. CONCLUSÕES: Perguntas sobre higiene bucal respondidas pelas mães de crianças não são boas substitutas do padrão real de higiene bucal medido por meio do exame clínico bucal de placa dental.OBJETIVO: Determinar la validación de preguntas frecuentemente utilizadas en estudios epidemiológicos sobre higiene bucal de niños y compararla según renta familiar y escolaridad de la madre. MÉTODOS: Se analizaron 1.122 niños participantes del sub-estudio de salud bucal de 2009 de la Cohorte de Nacimientos de Pelotas, Sur de Brasil, 2004. Los niños fueron examinados y sus madres entrevistadas en el domicilio. El patrón-oro de la condición de higiene bucal fue evaluado por medio del Índice de Higiene Oral Simplificado y a partir del escore total el resultado fue dicotomizado en: placa dental ausente (escore total=0) y presente (escore total ≥1). Las preguntas testadas sobre el patrón de higiene bucal de los niños fueron formuladas a las madres e incluyeron: frecuencia diaria de cepillado, cepillado antes de dormir y la combinación de esas dos (higiene bucal), con sus opciones de respuesta dicotomizadas en regular e irregular. La validez fue determinada por medio del cálculo de los valores porcentuales y respectivos intervalos de 95% de confianza de sensibilidad, especificidad, valor predictivo positivo y valor predictivo negativo. RESULTADOS: La prevalencia de placa dental fue 37,0%. Los valores de sensibilidad, especificidad, valor predictivo positivo y valor predictivo negativo fueron, respectivamente: 29,6%, 82,5%, 49,8% y 66,6%, para frecuencia de cepillado diaria irregular; 41,8%, 64,6%, 40,9% y 65,5%, para cepillado antes de dormir irregular; 48,8%, 60,8%, 42,2% y 67,0%, para higiene bucal irregular. La validez del patrón de higiene bucal varió conforme el nivel de renta familiar y la escolaridad de la madre, y la sensibilidad y el valor predictivo positivo fueron mayores entre los individuos con menor renta familiar y con madres menos escolarizadas y el opuesto, para la especificidad y el valor predictivo negativo. CONCLUSIONES: Preguntas sobre higiene bucal respondidas por las madres de niños no son buenas sustitutas del patrón real de higiene bucal medido por medio de examen clínico bucal de placa dental.OBJECTIVE: To determine the validity of oral hygiene questions for children, as commonly used in epidemiological studies, and assess their validity by family income and mother's education. METHODS: A subsample of 1122 children from the 2004 Pelotas Birth Cohort, Southern Brazil (who had participated in a 2009 oral health study) was analyzed. The children received dental examinations, and their mothers were interviewed at home. The gold standard for oral hygiene was the Simplified Oral Hygiene Index; from its total score, the outcome was dichotomized into the absence (total score = 0) or presence (total score ≥ 1) of dental plaque. The mothers answered questions related to their child's oral hygiene, including daily toothbrushing, toothbrushing before sleeping and the combination of the two (oral hygiene). These responses were dichotomized into regular and irregular. The validity was determined by calculating the percentages and respective 95% confidence intervals for sensitivity, specificity, positive predictive value and negative predictive value. RESULTS: The overall prevalence of dental plaque was 37.0%. The following sensitivities, specificities, positive predictive values and negative predictive values were observed: 29.6%, 82.5%, 49.8% and 66.6%, respectively, for irregular daily toothbrushing; 41.8%, 64.6%, 40.9% and 65.5%, respectively, for irregular toothbrushing before sleeping; and 48.8%, 60.8%, 42.2% and 67.0%, respectively, for irregular oral hygiene. The validity of the oral hygiene reporting varied across different levels of family income and mother's education. The sensitivity and positive predictive values were higher among children with lower incomes and less educated mothers, while opposite associations were observed for specificity and negative predictive value. CONCLUSIONS: Oral hygiene questions answered by mothers of five year-old children are not an appropriate substitute for direct oral hygiene assessment by the clinical examination of dental plaque.