Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra (Mar 2024)
Ensaio de aplicação do modelo sistémico e interativo à documentação da Misericórdia de Monforte, à guarda do Arquivo Histórico Municipal
Abstract
Este texto resulta da inventariação das séries documentais de cinco fundos depositados pela Misericórdia de Monforte no Arquivo Municipal daquela vila, em outubro de 2021, a saber: Misericórdia de Monforte; Misericórdia de Assumar; Comissão de Assistência do Concelho de Monforte; Comissão de Assistência aos Pobres de Monforte; Clube Artístico Monfortense. Tem como principal objetivo estabelecer um quadro de classificação orgânico-funcional harmonizado com o modelo sistémico e interativo preconizado por Armando Malheiro da Silva (Silva, 2004, pp. 55-84), Fernanda Ribeiro, Júlio Ramos e Manuel Luís Real (Silva et al., 1999). Assente no pressuposto de que famílias e outras entidades públicas e privadas são sistemas dinâmicos que geram, contextualizam e recebem informação, comunicada através de um suporte material, o modelo propõe levar a cabo uma pesquisa, que forneça informação rigorosa sobre a documentação acumulada, tomando como referência a metodologia avançada por Paul de Bruyne, Jacques Herman e Marc de Schoutheete (1974, como citado em Silva et al., 1999, pp. 220-224)[1]. O arquivista assume o papel do cientista que procura compreender e explicar o objeto informacional (o documento) em toda a sua complexidade. Não nos arvorámos a tamanho empreendimento, porque era impossível fazê-lo em tão curto espaço de tempo e em tão limitado número de páginas, face a tão grande volume documental. Fica, no entanto, um contributo para trabalhos futuros de classificação e descrição, e a reflexão sobre a adequação do modelo a quaisquer massas documentais, partindo de uma análise à organização interna dos produtores e às motivações geradoras da documentação. [1] O modelo sistémico e interativo resulta da aplicação de uma metodologia assente em quatro polos de análise de uma determinada realidade, destacando-se no polo teórico o “princípio da ação estruturante”, que é, no fundo, o conjunto de fatores que geram um Arquivo, a sua organização e função, e o da “integração dinâmica”, que consta das relações que o Arquivo experimenta com outros sistemas, influenciando-os e recebendo, ele próprio, os contributos daqueles (De Bruyne et al., 1974, como citado em Silva et al., 1999, pp. 220-224).
Keywords