Bioscience Journal (Oct 2014)
Aspectos anatômicos dos músculos mediais da coxa do Quati (Nasua nasua, Linnaeus 1766)
Abstract
Quatis (Nasua Spp.) são animais pertencentes à família Procyonidae da ordem Carnivora. Presentes em todos os biomas brasileiros, o Nasua nasua está distribuído na América do Sul, desde o norte da Colômbia até o norte da Argentina, sendo comuns na maioria das florestas neotropicais desta região. Onívoros, alimentam-se principalmente de frutos, tanto no solo quanto em árvores, o que os tornam importantes dispersores de sementes. Seus hábitos arbóreos exigem mais força e mobilidade de seus membros pélvicos do que nos canídeos, dos quais divergiram evolutivamente, mas ainda compartilham a mesma Subordem. Neste sentido, este estudo analisou os aspectos anatômicos dos músculos que integram o grupo medial da coxa dos quatis, os quais tiveram seus aspectos gerais, localização, forma, origem, inserção, sintopia e funções avaliados. Para a realização desta pesquisa foram utilizados cinco animais adultos (duas fêmeas e três machos) cedidos pelo IBAMA-GO (Licença: 98/2011), os quais foram fixados com solução de formaldeído a 10% e dissecados depois de um período mínimo de 72 horas. Os músculos que compõem o grupo medial da coxa dos quatis são o m. grácil, m. pectíneo, m. adutor magno, m. adutor curto, m. adutor longo e o m. obturador externo. Todos os músculos apresentam particularidades quanto à origem e/ou inserção. O músculo grácil é bem largo e não contribui para a formação do tendão calcanear comum. O músculo pectíneo insere-se na metade da face caudal do fêmur. Os três músculos adutores encontram-se presentes e dispostos como três lâminas sucessivas e crescentes, no sentido craniocaudal, estando o músculo adutor curto interposto entre o m. adutor longo cranialmente e o m. adutor magno caudalmente. Suas inserções dispõem-se longitudinalmente e paralelas na face caudal do fêmur, crescendo em extensão, da medial (m. adutor longo) para a lateral (m. adutor magno). As habilidades adquiridas pelos quatis na medida em que se afastaram evolutivamente dos canídeos, passando a ter hábitos também arbóreos, foram acompanhadas por adaptações anatômicas no grupo muscular em questão, com várias delas assemelhando-se mais ao padrão verificado nos gatos do que propriamente nos cães. As adaptações caracterizaram-se principalmente por alterações nas origens e/ou inserções, tamanho e, no caso dos músculos adutores, também na quantidade e arranjo dos mesmos.