Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Nov 2024)

Avaliação da profilaxia cirúrgica em pacientes ortopédicos e traumatológicos em um hospital de referência da Baixada Santista

  • Cássio Fabrício dos Santos,
  • Maria Stella Peccin,
  • Pedro Gonçalves de Oliveira,
  • Ana Gisela Alarcón Bonifácio,
  • Rafael Affini Martins,
  • Rodrigo Spineli Macedo

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2017.v2.s1.p.18
Journal volume & issue
Vol. 2, no. s.1

Abstract

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Introdução: Infecções de sítio cirúrgico (ISC) são causas comuns de prolongamento da internação hospitalar, aumento de custos, morbidades e mortalidade. Há evidências de que a antibioticoprofilaxia iniciada uma hora antes do início do procedimento cirúrgico reduz contaminação microbiana intraoperatória e reduz os riscos de ISC. Diante disso, usar antibióticos neste período reduz a multiplicação bacteriana. E seu uso durante as 24 horas pós-operatória é tão eficaz quanto 48 ou 72 horas. A maioria dos estudos recomenda dose única pré-operatória seguida por duas a três doses pós-operatórias. Isso minimiza a possibilidade de toxicidade, o possível desenvolvimento de organismos resistentes e reduz custos. Objetivo: Identificar a profilaxia antimicrobiana cirúrgica utilizada pela ortopedia e traumatologia de acordo com o preconizado pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da instituição pesquisada e com a Guideline da Clinical Practice Guidelines for Antimicrobial Prophylaxis in Surgery. Métodos: Estudo prospectivo e descritivo que avaliou 234 procedimentos entre setembro e novembro de 2015. As variáveis analisadas foram o uso de antibioticoprofilático; tempo de duração do procedimento; quantidade de dose necessária em relação ao tempo de cirurgia; uso de antibiótico e tempo de tratamento no pós-operatório. Resultados: Dos 234 procedimentos cirúrgicos, 77,4% tiveram a profilaxia antes da cirurgia. Dos procedimentos que tiveram profilaxia realizada 9,4% fizeram uso de antibiótico mais de uma vez durante o procedimento cirúrgico; a média de tempo cirúrgico nesses pacientes foi de 217,05 minutos. Quando observado o tempo médio de todos os procedimentos cirúrgicos realizados, estes variaram entre 15 e 450 minutos e a média foi de 162,7 minutos. Desses procedimentos 13,24% levaram 240 minutos ou mais para serem finalizados; e dessa parcela, apenas 16,12% realizaram a segunda dose de antibiótico intraoperatório. Posterior a cirurgia 93,58% tiveram prescrição de antibiótico durante a internação. A média de dias do uso de antibiótico posterior ao procedimento cirúrgico foi de 7,4. Conclusão: A profilaxia cirúrgica realizada não esteve de acordo com a preconizada pelo hospital. Uma minoria das recomendações da Clinical Practice Guidelines for Antimicrobial Prophylaxis in Surgery foram ao encontro da profilaxia ocorrida nos pacientes estudados. Observou-se a necessidade de atualizar as diretrizes de profilaxia cirúrgica do hospital, bem como adotar um programa de educação permanente, mediado por infectologistas e farmacêuticos, para que os ortopedistas tenham maior adesão às diretrizes de profilaxia cirúrgica estabelecidas pelo hospital, promovendo o uso racional de antibióticos e redução de custos.