Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
ANÁLISE SOROLÓGICA DOS DOADORES DE SANGUE DE UM HEMOCENTRO REFERÊNCIA DO ESTADO DO NORDESTE
Abstract
Introdução: Os hemocomponentes e hemoderivados são originados da doação de sangue por um doador. Toda doação de sangue deve ser altruísta, voluntária e não gratificada. Para a doação ser efetivada, o sangue é submetido a algumas fases, a exemplo da análise sorológica, conforme orienta a portaria de consolidação n° 5, de 2017, do ministério da saúde. Objetivo: Discutir acerca da sorologia dos doadores de sangue de um Hemocentro do estado do nordeste do Brasil. Materiais/métodos: Trata-se de um estudo quantitativo, retrospectivo e descritivo, referente às sorologias dos doadores de sangue atendidos no Hemocentro de Recife, do estado de Pernambuco, de janeiro/2017 a dezembro/2023. Os dados foram estraídos do sistema do Bando de Sangue (SBS) da Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (HEMOPE). Foram quantificados o número total de doadores no período de 7 anos e a cada ano, bem como o quantitativo de sorologias positivas. As sorologias avaliadas foram: VDRL, anti-HBC, anti-HCV, HTLV, anti-HIV, HBSAG e Chagas. Os dados foram organizados em tabela do excel 2013 e discutidos através de artigos selecionados das bases de dados Pubmed, Scielo E UpToDate. Resultados: No período analisado, houve o cadastro de 500.718 doadores, com média de 71.531 doadores ao ano, variando de 63.023 (2023) a 81.072 (2017). Do total de doadores, 3% foram considerados inaptos em razão das sorologias positivas. Desse contingente, observa-se a seguinte prevalência de sorologias positivas em ordem decrescente: VDRL (1,4%), anti-HBC (0,96%), anti-HCV (0,22%), anti-HTLV (0,15%), anti-HIV (0,11%), HBSAG (0,1%) e Chagas (0,07%). Em comparação com o número total de doadores por ano, nota-se que o ano com a maior taxa de doador com sorologia positiva foi em 2017 (3.2%); em relação ao de menor taxa, este comportamento ocorreu no ano de 2020 (2.7%). Discussão/conclusão: De acordo com o boletim de produção hemoterápica do Brasil, a taxa de doadores da população brasileira é de aproximadamente 1,6% (16/1000 habitantes). Em 2018, no cenário nacional, a prevalência de doadores inaptos por sorologias positivas foi de 2,6%, comportamento similar ao observado neste trabalho (3%). No ano de 2020, com a menor taxa de doação, tem-se que esse comportamento ocorreu provavelmente em decorrência da pandemia. Em termos gerais, evidencia-se que a sorologia de maior prevalência é anti-HBC (0,97%), seguida de sífilis (0,92%). Entretanto, neste estudo, houve predomínio de sífilis (1,4%), sendo o anti-HBC (0,96%) a segunda sorologia mais prevalente. Segundo o relatório mais atual da Organização Mundial da Saúde (OMS), os casos de sífilis aumentaram em média 30% nos anos de 2020 a 2022, sendo atribuído esse aumento à falta de conscientização acerca da doença e à dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Conclusão: Dessa forma, nota-se a importância da execução rigorosa dos passos envolvidos nos ciclo do sangue, sobretudo no que concerne à triagem do doador e à realização dos testes sorológicos previstos na portaria, a fim de assegurar uma transfusão segura e isenta de doenças.