Psicologia em Revista (Dec 2008)
Lacan e a debilidade mental de Platão e Ernest Jones
Abstract
Em 1972, o psicanalista Jacques Lacan interpreta Platão e, depois, Ernest Jones como débeis mentais. Tais interpretações são inusitadas e, até mesmo, paradoxais. Como falar em debilidade no caso do filósofo grego, conhecido exatamente por sua extensa e expressiva produção teórica e, pouco depois, no caso de um dos conhecidos teóricos da psicanálise, biógrafo de Freud? De que “debilidade” se trata nesses dois casos? Depois de retomar cada uma dessas interpretações, este artigo indica três momentos cruciais nas elaborações de Lacan sobre o tema da debilidade mental: como inibição intelectual, como incapacidade de colocar o desejo do Outro em questão e, finalmente, como incapacidade de instalar-se solidamente em um discurso. Com as suas formulações, Lacan se afasta de uma concepção da debilidade mental como um deficitcognitivo, concebendo-a como uma deficiência da linguagem em dar conta do gozo.