Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-404 - PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS PACIENTES COINFECTADOS COM HIV E TUBERCULOSE INTERNADOS NO INSTITUTO COUTO MAIA (ICOM) EM 2022

  • Lindracy Luara Bollis Caliari,
  • Caroline Castro Vieira,
  • Carlos Patrício de Araújo,
  • Manuella Pinto de Oliveira,
  • Ciro Rodrigues Santos Oliveira,
  • Aurea Angelica Paste

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104303

Abstract

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Introdução: A coinfecção HIV-tuberculose, definida como uma sindemia, preocupa tanto pela apresentação clínica mais grave da doença, pela maior mortalidade nessa população, quanto pelos aspectos epidemiológicos relacionados ao perfil socioeconômico cultural. Estudos revelam distribuição desigual da coinfecção na população, atingindo majoritariamente grupos vulneráveis, em regiões populosas, com menor acesso a recursos para prevenção, diagnóstico, tratamento e controle. O Brasil faz parte da lista de países com altas cargas da coinfecção, assim, conhecer a população é essencial para desenvolver intervenções específicas para minimizar danos e fornecer melhor atendimento em serviços de saúde. Objetivo: Traçar perfil sociodemográfico e desfecho clínico dos pacientes coinfectados com HIV-tuberculose internados em hospital de referência em Salvador/BA em 2022. Método: Estudo de corte transversal retrospectivo, realizado no Instituto Couto Maia, em Salvador/BA, entre Jan-Dez/2022, com coleta de dados em prontuários eletrônicos, tabulados no Excel e analisados no software IBM SPSS Statistics Versão 25. Resultados: Dos pacientes HIV internados, 102 (27,35%) pacientes estavam coinfectados com tuberculose, comprovando sua alta prevalência. Quanto ao perfil sociodemográfico, verificou-se população de maioria masculina (68,6%), pretos ou pardos (86,3%), heterossexuais (64,7%), solteiros (87,3%), com idade média de 37,5 anos. Sobre escolaridade, há predomínio de pessoas com ensino fundamental incompleto (46,1%). Quanto à renda, 51% vivem com < 1 salário mínimo por mês, com maioria de desempregados (37,3%) ou provendo de auxílios governamentais (30,4%). Sobre moradia, destaca-se 13,7% de pessoas vivendo em situação de rua. Correlaciona-se esses dados com uma evolução mais grave da doença, com alta taxa de tuberculose extrapulmonar e/ou disseminada (35,3%), tempo de internamento prolongado e taxa de óbito de 10,8%. Conclusão: Baixa escolaridade, alta taxa de desemprego, renda insuficiente para manutenção de necessidades básicas e uso de substâncias psicoativas integram determinantes sociais que dificultam o vínculo dessa população ao serviço de saúde, repercutindo em diagnósticos tardios e baixa adesão terapêutica. Esses fatores precisam ser levados em consideração ao construir estratégias tratamento e prevenção da sindemia HIV-tuberculose.