Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

COMPLICAÇÕES HEMORRÁGICAS DA DENGUE: ANÁLISE DOS DISTÚRBIOS DE COAGULAÇÃO

  • LN Favero,
  • SS Ribeiro,
  • SZ Jorge,
  • ID Gomes,
  • ATTS Barbosa,
  • K Vitor,
  • JP Jorgetti,
  • LMMR Souza,
  • J Teixeira,
  • G Suhett

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S163

Abstract

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Introdução: A dengue é uma doença viral transmitida via picada do mosquito Aedes aegypti e pode evoluir para formas mais graves, como a Febre Hemorrágica da Dengue (DHF) e a Síndrome do Choque da Dengue (DSS), caracterizadas por grandes complicações hemorrágicas e alta mortalidade. Tais complicações relacionam-se a distúrbios de coagulação, que incluem alterações na cascata de coagulação, como prolongamento do tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) e do tempo de protrombina (TP). Além disso, a disfunção hepática induzida pela dengue compromete a síntese de fatores de coagulação essenciais, agravando o quadro hemorrágico. A infecção por este vírus desencadeia uma resposta inflamatória severa, marcada por um aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias e da permeabilidade vascular, resultando em extravasamento do plasma para o compartimento extracelular. Objetivo: Analisar os possíveis distúrbios de coagulação advindos das complicações hemorrágicas da dengue e sua frequência. Metodologia: Trata-se de uma revisão bibliográfica através da base de dados PubMed. Foram utilizados os descritores: “coagulação”, “dengue hemorrágica” e “anormalidades”. Critérios de inclusão foram publicações de 2002-2022, que abordavam as temáticas propostas para esta pesquisa. Foram revisados nove artigos, sendo que três foram descartados. Critérios de exclusão incluíam artigos duplicados e aqueles que não discutem diretamente a proposta. Discussão: Os resultados sugerem que pacientes com dengue, especialmente aqueles com distúrbios graves de coagulação, são mais suscetíveis a complicações hemorrágicas. O prolongamento do TTPA e os baixos níveis de anticoagulantes são indicadores cruciais dessas complicações. A maior vulnerabilidade de bebês e crianças entre 4 e 6 anos destaca a importância do monitoramento nessa faixa etária, devido aos anticorpos maternos que podem complicar a resposta à infecção. Achados hematológicos, como leucopenia, plaquetopenia e linfocitopenia, refletem a complexidade da resposta imunológica e inflamatória causada pelo vírus. A hemoconcentração e o prolongamento do TTPA são marcadores de gravidade que devem ser observados atentamente para prevenir as complicações hemorrágicas. Este estudo destaca a importância de uma análise cuidadosa dos problemas de coagulação em pacientes com dengue. Resultados: Crianças com dengue podem apresentar TTPA prolongado e alterações nas vias de coagulação com baixos níveis de proteínas anticoagulantes. Bebês e crianças de 4 a 6 anos têm maior risco de DHF/DSS, possivelmente devido a anticorpos maternos. Em todas as idades, são comuns os achados hematológicos sendo leucopenia (68,3%), plaquetopenia (66,5%), linfocitopenia (67,2%), linfócitos atípicos (67%), hemoconcentração e prolongamento do TTPA (26,6%). Conclusão: A análise das complicações hemorrágicas da dengue revela um quadro complexo influenciado por distúrbios de coagulação. O estudo ressalta a importância do monitoramento rigoroso, especialmente em crianças, devido à maior vulnerabilidade e possíveis interferências de anticorpos maternos. A identificação precoce de marcadores como o prolongamento do TTPA e a observação dos níveis de anticoagulantes são fundamentais para o manejo clínico adequado. Esses achados mostram a necessidade de pesquisa e aprimoramento de estratégias de intervenção para melhorar os desfechos clínicos dos pacientes afetados pela dengue.