Educação e Pesquisa (Aug 2006)
Leitura em língua estrangeira: entre o ensino médio e o vestibular Reading in a foreign language: from secondary education to university admission exams
Abstract
O presente estudo parte de uma breve discussão sobre o papel da compreensão leitora em língua estrangeira - espanhol - nos cursos de idiomas, bem como sobre as concepções de leitura que subjazem em alguns documentos oficiais, como no Quadro comum europeu de referência para as línguas: aprendizagem, ensino e avaliação e nos Parâmetros Curriculares Nacionais, tanto para o ensino médio quanto para o ensino fundamental. Num segundo momento, tecem-se comentários acerca de como a compreensão leitora é avaliada em alguns exames de vestibular em língua estrangeira. Nossa hipótese inicial centrava-se na existência de coerência entre as orientações oficiais, o que efetivamente deveria ser valorizado nas aulas de idiomas do ensino médio e o conhecimento exigido dos candidatos nas provas de seleção para ingresso em cursos superiores. Nossas análises revelaram, entretanto, uma discrepância significativa entre os três pontos tomados como referência: embora as diretrizes postulem que o ensino de idiomas deva valorizar o desenvolvimento da competência comunicativa dos aprendizes, é freqüente a prevalência - seja nas aulas, seja nos exames seletivos - de uma concepção tradicionalista do ensino de línguas estrangeiras, que privilegia o conhecimento lingüístico pautado no domínio da metalinguagem e de regras gramaticais, assim como no conhecimento lexical. A ênfase nesses aspectos gera, como uma de suas conseqüências, a restrição significativa da função da compreensão leitora na medida em que o texto assume a função de um simples pretexto para a aferição dos conhecimentos lingüísticos dos candidatos, o que sugere a necessidade de realizar pesquisas específicas destinadas a detectar as causas das divergências constatadas e a apontar caminhos que possam evitá-las ou, ao menos, minimizá-las.The present study starts with a brief discussion about the role of reading comprehension in a foreign language - Spanish - in language courses, and also about the conceptions of reading underlying some of the official documents, such as the Common European Framework of Reference for Languages: Learning, Teaching, Assessment, and the Brazilian National Curriculum Parameters for secondary education and for the fundamental school. After that, a few comments are made with respect to how reading comprehension is being assessed in some of the university admission exams. Our initial hypothesis was centered on the existence of coherence between three aspects: the official guidelines, what was supposed to be encouraged in foreign language classes in secondary education, and the kind of knowledge of a foreign language required from candidates in higher education admission exams. However, our analyses have revealed a significant discrepancy between those three reference points: although the guidelines stipulate that the teaching of languages must emphasize the development of the student's communication competence, what often prevails - both in the classroom and in admission exams - is a traditionalist perspective of the teaching of foreign languages that privileges the linguistic knowledge based on the command of the metalanguage and of grammatical rules, as well as of lexical knowledge. The emphasis on these aspects has as one of its consequences the significant restriction of the function of reading comprehension, given that the text assumes the role of a mere pretext for the evaluation of the linguistic knowledge of the candidates. This fact suggests the need for specific scientific research aimed at investigating the causes of the observed divergences, and at showing ways of preventing them, or at least minimizing them.
Keywords