Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

AVALIAÇÃO DO PERFIL DE CONSUMO DE ANTIMICROBIANOS DE ALERTA SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃO AWARE EM UM HOSPITAL DE BELO HORIZONTE

  • Ana Flávia Figueiró de Souza,
  • Caryne Margotto Bertollo,
  • Luana Kellen de Oliveira Silva,
  • Edna Marilea Meireles Leite,
  • Amanda Fonseca Medeiros,
  • Renan Pedra de Souza,
  • Maria Auxiliadora Parreira Martins

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 102828

Abstract

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Introdução/Objetivo: O uso inadequado de antimicrobianos é apontado como importante contribuinte para a disseminação de resistência microbiana. Para acompanhar e contribuir com a gestão do consumo de antimicrobianos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) propôs a categorização AWaRe (Access, Watch, Reserve) que estabelece os medicamentos de alerta ou watch como aqueles de alto potencial de resistência. O objetivo desse trabalho foi avaliar o perfil de consumo de medicamentos classificados como alerta em um hospital público de ensino. Métodos: Foi realizado estudo retrospectivo no período de setembro/2019 a dezembro/2021 em um hospital público de ensino em Belo Horizonte. O consumo dos antimicrobianos da categoria AWaRe “alerta” monitorados nos hospitais brasileiros com leitos de UTI foi estimado a partir da Dose Diária Definida (DDD/1000 pacientes-dia). Dividiu-se o período de análise em três fases: pré-pandemia da COVID-19 (setembro/2019-fevereiro/2020), fase aguda da pandemia (março/2020-junho/2021) e pós-fase aguda da pandemia (julho/2021-dezembro/2021). Os resultados foram apresentados de modo descritivo utilizando-se o software Jamovi 2.3.21. O código de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa foi CAAE 54060321.8.0000.5149. Resultados: A ceftriaxona e o meropenem foram os antibacterianos mais utilizados em cada um dos três períodos de análise, tendo, na fase aguda da pandemia o maior DDD médio, 140,7 e 85,0 DDD/1000 pacientes-dia, respectivamente. A média geral de consumo no período agudo da pandemia foi o maior dentre os três períodos (422,2 DDD/1000 pacientes-dia), sendo evidenciado também o aumento no consumo de cefalosporinas (30,1%), glicopetídeos (4,2%), penicilinas (8,7%) e carbapenêmicos (12,7%) em comparação ao período pré-pandemia. No período pós-fase aguda, o consumo diminuiu em relação ao período anterior, exceto para as quinolonas, com aumento 45,0% e 40,5% no consumo de levofloxacino parenteral e ciprofloxacino oral, respectivamente, sendo este o período de maior consumo de quinolonas (37,7 DDD/1000 pacientes-dia). Conclusão: O aumento no consumo de antimicrobianos durante a pandemia, principalmente cefalosporinas e carbapenêmicos, pode impactar no aumento da disseminação de resistência microbiana. Assim, se faz necessária a intensificação de ação de Programas de Gerenciamento de Antimicrobianos (PGA) para melhor avaliação do uso de antimicrobianos a fim, principalmente, de reduzir a resistência microbiana.

Keywords